sábado, 30 de agosto de 2008

6 parcerias

Jimi Hendrix + Stevie Wonder - I Was Made To Love Her

Hendrix sabia muito bem o que e com quem tocar. Solerte escolha o convite à sensação teen da época para uma jam session nos domínios da BBC. E de quebra, ainda coverizar um dos hits do moleque, já prodigioso também na bateria.




Eric Burdon + War - Paint It Black


O ex-animal foi o grande incentivador do coletivo de ascendência latina que declarou guerra à mediocridade estilística. “Spill The Wine” foi a trademark do arranjo. Mas é difícil subestimar o medley de “Paint It Black”, dos Stones, que abre e enxerta o segundo álbum da banda.




Thelonious Monk + John Coltrane - Epistrophy


Durante seis meses de 1957 eles empreenderam um duo de fina sintonia. Tudo, ou quase, está devidamente desovado em “The Complete 1957 Riverside Recordings”. “Epistrophy”, ouvida por muitos como DNA do jazz moderno, conta aqui, ainda, com as presenças indeléveis de Art Blakey e Coleman Hawkins, ao sax tenor.




Vinícius de Moraes + Baden Powell – Tempo de Amor


Com “Afro-sambas”, a produção popular brasileira ganhou em sincretismo e em atabaques, bongôs, afoxés, agogôs e candomblé. Nunca o Rio esteve tão perto da Bahia. Diplomaticamente. Sob a benção do samba e dos orixás.




Marvin Gaye + Tammi Terrell - Something Stupid


A parceria de sempre numa performance nem sempre resgatada. A referência a Sinatra está no primeiro disco da dupla (“United”, de 67) que se desfez com a morte trágica da moça, vitimada pelo câncer aos 24 anos.




Bob Dylan + Johnny Cash - Girl From The North Country


Bob e Cash uniram vozes em momento oportuno. No mergulho do primeiro à tradição caipiresca do Tennessee. Vizinhos de estúdio em 69, travaram uma série de duetos que nunca vieram à luz. Melhor destino teve “Girl From The North Country”, em sua versão definitiva.





Leonardo Rodrigues

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Política esportiva?


Acabaram as Olimpíadas. O ramerrão ufanista e patriótico agora dá lugar a discursos engajados com soluções revolucionárias para sanar a tal falta de política esportiva no Brasil e transformar o país em uma potência olímpica. Nosso complexo de vira-lata não admite que fiquemos atrás da marofada Jamaica ou que disputemos palmo a palmo posições no ranking com países como Etiópia e Geórgia. O detalhe é que terminamos a frente da Finlândia, da Noruega e da Dinamarca. Será mesmo que a qualidade de um país se mede pelo número de medalhas de ouro? Basta ver como a campeã China trata seu povo.

Claro que foi frustrante ver o futebol feminino perder sua segunda final olímpica para os EUA e foi de marejar os olhos a volta por cima da Mari e do José Roberto Guimarães. Mas a disputa olímpica não pode ser superestimada; é apenas um jogo. Emocionante, envolvente, bonito, mas um jogo. Em nome dele, não podemos fechar os olhos para o que a China faz com o Tibet há décadas, nem mobilizar uma força-tarefa para colocar o Brasil na rota das medalhas. Há questões mais urgentes, que não podem ser ofuscadas pelo brilho reluzente do ouro nem pela sincronia lampejante dos fogos de artifício.

O que falta no Brasil não é política esportiva, mas política assertiva. Aquela que de fato trabalhe para o interesse público e não na busca por ministérios e cargos de presidência em estatais. A função do esporte não é política, mas social. Não precisamos de uma fabriqueta de campeões para massagear nosso maltratado ego a cada 4 anos. Precisamos é dar uma alternativa àqueles que vêem no crime ou no tráfico a saída que o Estado não oferece. Esporte nas escolas, campeonatos nas comunidades e voilà! Indiretamente acabaremos formando os tais campeões olímpicos. Não há necessidade de gastar verbas públicas para treinar superatletas (papel que deve ser desempenhado pelos clubes com apoio da iniciativa privada); o dinheiro tem de ser usado para formar cidadãos.

As eventuais Olimpíadas no Rio em 2016 vão ser o auge da politicagem esportiva. Obras superfaturadas vão encantar os turistas enquanto o exército fecha temporariamente os morros e higieniza a cidade. O carnavalesco do momento vai fazer uma deslumbrante cerimônia de abertura, que vai concentrar os olhares do mundo. Enquanto isso, a China, o morro do Cruzeiro e a Geórgia, darão fins menos nobres aos ‘fogos de artifício’.



Pedro Grossi

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Quando?

Quando vão perceber que Dunga não é técnico?

Quando vão perceber que o sumiço da vara não roubou o pódio?

Quando vão perceber que Grã-Bretanha não é Reino Unido?

Quando os EUA vão perceber que contam as medalhas errado?

Quando vão perceber que o Diego Hypolito não tem que pedir desculpas a ninguém a não ser ele mesmo?

Quando vão perceber que as pegadas da cerimônia de abertura eram computação gráfica?

Quando vão perceber que o Bolt só não baixa ainda mais suas marcas porque não quer?

Quando vão perceber a canoa furada que o Scheidt embarcou ao mudar de classe?

Quando vão perceber que o Cubo D'Água precisava de enguias, cobras e tubarões para deter a avalanche de quebras de recordes mundiais?

Quando vão perceber que o Phelps é um X-Men argentino?

Quando vão perceber que o complexo de Tom Hanks ("Quero ser Grande") só atrapalha a (não) política esportiva brasileira?

Quando vão perceber que o Tibet ainda existe?

Quando vão perceber que Cuba e Rússia já não são mais Cuba e Rússia?

Quando vão perceber que ninguém sabe nada a respeito da maioria da delegação brasileira?

Quando vão perceber que Hope Solo e Leryn Franco estão no "esporte" errado?

Quando vão perceber que os maratonistas deveriam correr munidos de galões de oxigênio?

Quando vão perceber que Copa do Mundo é muito mais legal que Jogos Olímpicos?

Quando vão perceber que o ouro do Cielo é dele e somente dele?

Quando vão perceber que as Olimpíadas no Brasil só farão do Brasil mais paraíso da maracutaia?



Leonardo Rodrigues

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O Chef morreu

Ontem o mundo ficou mais agudo, frígido e branquelo.

R.I.P.
20/08/1942 – 10/08/2008


Leonardo Rodrigues