quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Bandeirantes, o canal do....



Cléo Brandão + Ecstasy = hum...


Leonardo Rodrigues

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Por que futebol?


Vinte e dois e uma bola. É quase ultrajante de tão simples. E quase quântico de tão complexo. A alegoria, sublimação, da guerra. Não do bem contra o mau, mas do bem e do mau contra a mediocridade da vida, dos nós de gravata dados a contragosto, do engarrafamento nosso de cada dia, das risadas enlatadas e dos choros entubados. Do sentimento programado e da emoção corporativa. O momento de êxtase, uma visita às origens do instinto, da racionalidade zero e da paixão em estado de arte. O yin-yang das massas.

Amigos forjados pelas cores da camisa e não pela justeza do caráter ou nobreza das idéias comuns assistem à batalha campal. Pouco podem fazer se não entregar sua alma àquele ideal. E elevá-la aos céus ou rebaixá-la às profundezas em questão de segundos. Em qualquer caso, no entanto, já se fez o bem de tirar o espírito da fria zona cinzenta da rotina. Condicionar sua felicidade à imprevisibilidade do jogo. Não a felicidade de verdade, mas a subfelicidade, equivalente sentimental do subconsciente. A felicidade instintiva e irracional de ver vinte e dois e uma bola e as possibilidades infinitas que essa premissa traz.

Se fosse uma música seria Jazz e se fosse arte seria Teatro. Porque é escrito ali, diante dos olhos, com enredos intrincados ou diretos, com os fracos ganhando dos fortes, os fortes ganhando dos fracos, sem politicamente corretismos, sem didatismos, sem logicismos. É onde, ainda que por um breve lampejo, se vê a vida acontecer.

Por isso, futebol.


Pedro Bial... ops, Grossi

domingo, 2 de novembro de 2008

História feita

Vejo Fórmula 1 desde quando Bush pai e Saddam eram amigos. E confesso, nunca vi nada como hoje. Nada. Nunca vi uma decisão dessas. Nunca me senti tão inconfortável nem demorei tanto para digerir um resultado.

Parece mais que os demônios da F1 fizeram questão de roteirizar o tipicamente irroteirizável.

Após um belo (é gosto dizer) campeonato, criaram um script de drama complexo, capiciosamente emocionante, e que envolveu, além dos protagonistas de praxe, uma gama de improváveis personagens.

Na prova, quando o previsível se acomodou, a exemplo da Bélgica, a garoa paulistana - tipicamente "chuva" nos domínios de Interlagos - caiu no momento mais crucial que poderia, bem nos giros finais.

No segundo aguaceiro da tarde, um Hamilton quase irreconhecível deixava escapar entre os dedos, no embate com Vettel, um título mais uma vez sacramentado. Incrível.

Ao fechar em quarto, o mancebo alemão, espetacular, foi de novo brilhante, pela última vez a bordo de sua Toro Rosso (uma ex-Minardi, frise-se). Deixou o inglês no encalço, ensadecido na última volta. Nunca vibrei tanto com uma ultrapassagem.

O outro tudesco, Glock, calçado para o seco, pouco tinha a fazer a não ser ceder ao ataque da dupla. Mas tinha que ser na última curva? Custava tracionar e dobrar o Café? Apenas isso, deixando o entrevero para um já inútil S do Senna?

Lewis levou e Massa ganhou, pela segunda vez no Brasil (igualando a trinca de campeões do País) e pela primeira, de fato, no molhado. Foi exemplar, correu com gana de campeão. Deu dó a chegada aos boxes. Mais dele do que da festa antecipada do QG familiar.

E é justamente essa perplexidade ante ao imponderável que faz dessa brincadeira tão especial e apaixonante. Só quem conhece sabe.

Passada a frustação de início, sinto-me privilegiado por ter assistido a mais um ano de treinos e corridas. Espero alimentar o vício por muito mais tempo. De preferência, até bem depois de Obama e Osama relevarem consoantes e apertarem as mãos.

Que 2009 chegue amanhã.


Leonardo Rodrigues