domingo, 24 de maio de 2009

Ano de Button na Fórmula 1

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Se alguém ainda tinha dúvidas sobre o dono do mundial de F1 deste ano, o GP de Mônaco, hoje, pôs fim a qualquer resquício de titubeio. 2009 tem sorrido para Jenson Button. E o homem das vitórias categóricas, virtual campeão, retribui assim, com mais sorrisos.

O domínio reflete nos números e na alegria incontida demonstrada a cada fim de semana. São cinco vitórias em seis corridas. Praticamente cinco passeios. A mesma quantidade de êxitos que levou Hamilton à taça do ano passado. Enquanto Lewis, Sir condecorado, pena com uma Mclaren plebéica, o conterrâneo desfila sua Brawn-branca-marca-texto com a elegância de verdadeiro detentor de pedigree real. Tocada limpa, sóbria sempre. Para virar tempos compatíveis, Massa e Raikkonen saltavam como sapos por sobre as chicanes de Monte Carlo delicadamente contornadas pelo filho de John Button.

Os eventuais obstáculos ao título fazem jus ao adjetivo e estão longe da consistência. As Toyotas enfraqueceram tais quais as vendas do Corolla com o Novo Civic. As asas da Red Bull parecem reféns das atuações extraordinárias de Vettel e do talento nada vencedor de Webber. A única ameaça real, ainda que tardia, é a costumeira Ferrari. Após um início lastimável, aporta na Turquia em curva nitidamente ascendente e com um piloto que, nessa pista, só conhece vitórias desde que virou titular. Mas é pouco, à esta altura. BMW e Renault a desconsiderar.

Barrichello não é adversário. O próprio já deve ter reconhecido e se resignado. Não por estratagemas mal intencionadas ou favorecimentos ilícitos. Mas simplesmente pelo fato de Button ser mais veloz. Assim, sem traumas. Porque, convenhamos, é muito mais fácil (não) espernear por quem é rei da paróquia e recebe todas as regalias, do que por alguém que nunca sequer teve a chance de brigar para ser príncipe.


Leonardo Rodrigues

terça-feira, 12 de maio de 2009

6 músicas para fossa

Big Star – Kangaroo

As composições de Alex Chilton rebatem em extremos. Da lepidez ensolarada à aflição mais introspectiva e melancólica. Coverizada por Jeff Buckley, “Kangorooo” está em “The Third Album/Sister Lovers”, terceiro, “perdido” e tristíssimo disco do Big Star.




Radiohead - Bullet Proof..I Wish I Was

A consciência melódica sempre esteve entre os trunfos do Radiohead – e de fato poderia ter sido mais explorada nos últimos discos. “Bullet Proof...I Wish I Was” é um misto de impotência e intento de blindagem emocional. De alfinetar cada canto da alma.




Claude Debussy - Clair De Lune

Onde termina a beleza e começa a dor? É possível definir a relação? Elementos pressupostos? Frutos intrínsecos do mesmo meio ou mera convenção arbitrária? Dificilmente Debussy possuía respostas para essas indagações existenciais. A não ser, apenas, quando compunha.




Randy Newman - I Think It's Going To Rain Today

Artífice das trilhas sonoras e das narrativas melindrosas, Randy Newman tem na penúltima faixa de seu primeiro disco a languidez reconhecida por uma penca de regravações. Nenhuma delas com a carga emocional nem o registro idoso do autor, no alto de seus 24 anos.




Yann Tiersen - À Ton Étoile

“À Ton Étoile” integra o repertório da banda francesa Noir Désir. Aqui, aparece na sorumbática versão do primeiro trabalho ao vivo de Yann Tiersen, com Bertrand Cantat aos vocais - quatro anos antes de espancar até a morte a namorada e atriz Marie Trintignant.




Chet Baker – You Don´t Know What Love Is

Impossível desassociar tristeza e Chet Baker. A interpretação dele neste quase subterrâneo clássico do “Great American Songbook” é para cortar pulsos de titânio, esmigalhar corações de diamante e arrancar lágrimas de Mike Tyson.




Leonardo Rodrigues