
Quando sobre o clássico mineiro se discute quem tem a maior torcida ou qual time tem mais tradição, o papo descamba para um polêmica insolúvel. Há números e argumentos para justificar qualquer afirmação, de um lado ou de outro. Só não dá pra concordar quando a torcida do Atlético MG reclama a alcunha de mais apaixonada. O fato de eu não batucar uma panela na janela da minha casa depois de uma vitória do Cruzeiro não me faz menos torcedor, só mais civilizado. O que também me incomoda é tentarem 'vender' o Atlético como um time oprimido e, por isso, mais merecedor das (raras) conquistas. O Cruzeiro, por ter sido mais organizado nos últimos anos, é tratado nas entrelinhas da imprensa como um clube calculista, arrogante e racional que rouba os títulos que deveriam pertencer aos fracos e oprimidos.
A leitura que faço dessa situação é bem diferente: De um lado um time com sucessivas diretorias populistas que tentam transferir a responsabilidade dos seus fracassos ou à gestão anterior e a herança maldita ou à arbitragem. Fizeram a torcida acreditar que ela era especial e há anos vive-se dessa ilusão. A narcisista torcida ainda vai acabar se afogando no lago.
Do lado azul, o que se chama de arrogância é apenas profissionalismo, que ficou mais uma vez comprovado hoje após a histórica vitória de 5 x 0, sem nenhum comentário desreipeitoso dos jogadores ou da comissão técnica do Cruzeiro. Bem diferente do ano passado, quando após a vitória de 4 x 0 do Atlético MG, os inflamados discursos atleticanos pareciam dar fim a uma injustiça histórica.
Aos atelicanos: não é injustiça, é incompetência. Aprendam a parar de transferir responsabilidades e admitam as próprias limitações, como fizemos no ano passado. O osso de galinha que ficou engasgado em 2007, agora desceu redondo. Marcelo Moreno, Wagner, Ramires e Guilherme deixaram o time atleticano, com o perdão do trocadilho, em frangalhos.
Pedro Grossi