domingo, 27 de abril de 2008

Que venha o Boca, o meia-boca já foi



Quando sobre o clássico mineiro se discute quem tem a maior torcida ou qual time tem mais tradição, o papo descamba para um polêmica insolúvel. Há números e argumentos para justificar qualquer afirmação, de um lado ou de outro. Só não dá pra concordar quando a torcida do Atlético MG reclama a alcunha de mais apaixonada. O fato de eu não batucar uma panela na janela da minha casa depois de uma vitória do Cruzeiro não me faz menos torcedor, só mais civilizado. O que também me incomoda é tentarem 'vender' o Atlético como um time oprimido e, por isso, mais merecedor das (raras) conquistas. O Cruzeiro, por ter sido mais organizado nos últimos anos, é tratado nas entrelinhas da imprensa como um clube calculista, arrogante e racional que rouba os títulos que deveriam pertencer aos fracos e oprimidos.

A leitura que faço dessa situação é bem diferente: De um lado um time com sucessivas diretorias populistas que tentam transferir a responsabilidade dos seus fracassos ou à gestão anterior e a herança maldita ou à arbitragem. Fizeram a torcida acreditar que ela era especial e há anos vive-se dessa ilusão. A narcisista torcida ainda vai acabar se afogando no lago.

Do lado azul, o que se chama de arrogância é apenas profissionalismo, que ficou mais uma vez comprovado hoje após a histórica vitória de 5 x 0, sem nenhum comentário desreipeitoso dos jogadores ou da comissão técnica do Cruzeiro. Bem diferente do ano passado, quando após a vitória de 4 x 0 do Atlético MG, os inflamados discursos atleticanos pareciam dar fim a uma injustiça histórica.

Aos atelicanos: não é injustiça, é incompetência. Aprendam a parar de transferir responsabilidades e admitam as próprias limitações, como fizemos no ano passado. O osso de galinha que ficou engasgado em 2007, agora desceu redondo. Marcelo Moreno, Wagner, Ramires e Guilherme deixaram o time atleticano, com o perdão do trocadilho, em frangalhos.


Pedro Grossi

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Campeonato mineiro pra quê?

No campeonato mineiro do ano passado, o Democrata GV, então parceiro do Atlético MG, decidiu jogar as duas partidas da semifinal no Mineirão, pelo fato do estádio de Governador Valadares não cumprir os resquisitos exigidos para um jogo decisivo. Na oportunidade achei a decisão indecente, anti-desportiva e absurda.

Um ano depois acontece algo semelhante com o Cruzeiro. O Ituiutaba, por não ter um estádio decente, vem jogar as duas partidas no Mineirão. O que eu acho? Uma atitude indecente, anti-desportiva e absurda. A igualdade de disputa é condição sine qua non para qualquer competição, ou pelo menos deveria ser assim. Como valorizar um campeonato em que um clube faz os dois jogos da semifinal em casa? É no mínimo paradoxal: Tem-se quase dois meses de disputa pra definição das posições das equipes, porque se considera o fato de jogar em casa uma vantagem. Depois, tudo é jogado no lixo e o time grande faz os dois jogos sob seus domínios.

Ah! mas o Ituiutaba como mandante de uma partida no Mineirão terá uma renda recorde, dirão alguns. A esses digo o seguinte: Um clube de futebol, sobretudo do porte do Ituiutaba, não tem ou não deveria ter fins lucrativos; ele existe para representar seu povo e sua torcida. Essa mesma torcida que agora está privada de acompanhar em sua cidade um jogo de semifinal. Jogando as duas partidas em Belo Horizonte o Ituiutaba diminui ainda mais as já mínimas chandes de chegar à decisão e de fazer uma renda ainda maior como finalista do campeonato. Em nenhum momento é levado em consideração o sentimento do torcedor apaixonado ou a honra e a tradição do time que poderia fazer história. Se a Fazendinha não tem condições de receber o jogo, que ele seja feito no Parque do Sabiá onde o torcedor do Ituiutaba ainda poderia acompanhar a partida.

O campeonato existe sob o argumento de que acirra a rivalidade regional e dá aos moradores do interior a chance de ver as 'estrelas' da capital. O desrespeito do Ituiutaba à própria história mostra que eles estão nessa não pela rivalidade e pela competição, mas por uns tostões furados. O Cruzeiro deveria se recusar a disputar a partida, mesmo que isso lhe valesse o título do campeonato. Há tempos, nosso torneio se tornou um circo sem graça e previsível. Em vez de toda essa encenação desnecessária poderíamos reduzir tudo a um clássico, já que todo ano (ou a cada sete anos) a taça só muda de lado na Lagoa da Pampulha.


Pedro Grossi

terça-feira, 8 de abril de 2008

Uns tem um dedo a menos...




... outros um dedo a mais






Pedro Grossi