quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Inception


É difícil escrever sobre um filme como Inception. Mas é um filme que merece reflexão. Uma daquelas obras que ressoam na cabeça por dias a fio. Se não pela inovação do tema, pela inventividade da narrativa proposta. Se o tema já era assunto de filósofos gregos, a carpintaria do roteiro é algo um tanto inovador. Nem tanto pela construção de personagens, mas mais como comprovação da utilização do apuro técnico em favor da história, algo que Cristopher Nolan já havia conseguido em O cavaleiro das trevas. São ‘efeitos especiais’ carregadosde drama e não de pura nitroglicerina. Uma mistura equilibrada da fórmula de Matrix com elementos de Brilho eterno de uma mente sem lembrança.

Como esse é um espaço pessoal de reflexão e não de compromisso com a informação, não vou me preocupar em destrinchar uma sinopse nem em avaliar o desempenho dos atores. Até porque não tenho conhecimento pra isso e qualquer frase pronta iria necessariamente reduzir e descontextualizar a complexidade da trama, concebida para ser percebida em outro ambiente.

Procurei não ler nada sobre esse filme antes de assisti-lo, para que meu juízo não fosse contaminado e para que eu tivesse algumas surpresas – como ver Michael Kaine em cena (denovo com coadjuvante de luxo em um filme de Nolan, como em Batman), que eu não sabia integrar o elenco do filme. Ao contrário das arquiteturas projetadas para os sonhos, o roteiro não faz voltas, nem tem ‘pontos de paradoxo’. É uma história que sempre vai um nível além, desafiando a inteligência do espectador e dando aquele constante ar de incerteza. Sem algunsvícios de filmes do gênero. É a sensação agradável do desconhecido, cada vez mais rara nocinema.

Sem a pretensão de montar nenhum quebra-cabeça e nem de discutir se ‘era ou não tudoum sonho’ – fato que considero irrelevante – é possível achar elementos para gastar um bomtempo refletindo sobre a história. Questionar a realidade e a natureza dos sonhos é algo quetodos nós, em maior ou menor grau, fazemos em algum momento da vida. Mas não é sempre que a questão vem embalada de forma tão saborosa.


Pedro Grossi