quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Exit trough the gift shop

Is Banksy’s Mr. Brainwash an Art-World Borat?

O que é arte? Exatamente por não ter resposta, a pergunta remete àquela intangível zona da dúvida, algo entre o consciente e o subconsciente, onde mora a verdade. Arte é a verdade, mas como a verdade não existe, a arte é a busca. Arte é o percurso. Tem valor apenas por suscitar a dúvida. A arte é uma grande piada. A vida é uma grande piada.

Banksy é um artista de rua. Banksy pode não existir. Por suscitar a dúvida e trazer à tona a pergunta, o que é arte?, Banksy é um artista. O mérito da arte está em direcionar o olhar. Para o que é bonito, para o que é certo (será que é mesmo certo? a arte pergunta), para o que nós somos. A arte acontece no olhar de quem vê, porque enxergamos um pouco da verdade.

Banksy faz intervenções em espaços públicos, às vezes em obras de arte. Recria e desfigura todo o significado para dizer que não é o significado o que importa, mas fazer com que você perceba que ali havia um significado, que não te deixava ver o que realmente era importante. Se fosse uma figura pública, Banksy desviaria o olhar para si. Ele viraria o objeto em exposição. Cheio de significados. Por isso Banksy não existe. E mesmo que exista, não faz diferença. Não é ele o que importa.

Para atingir o objetivo máximo de sua arte de perda de significados, Banksy poderia (e digo poderia, porque não se sabe se ele fez. Viu como se suscita a dúvida?) realizar o máximo da auto-ironia e da auto quebra de significação. Dirigir o olhar para todo o seu trabalho e mostrar: estão vendo isso? Isso não significa nada! Foi o que ele fez (ou não) no documentário Exit through a gift shop. E fez isso com um filme em que expõe uma fraude do mundo das artes. Conta a história de um lunático viciado em gravar a vida em vídeo, que, num conveniente acaso, vira o cultuado Mr. Brainwash, um artista de Los Angeles que se torna celebridade instantânea.

Se de fato o filme é a história real de alguém que expôs o que as pessoas pensam sobre a arte, para quem vê, ele cumpre o seu papel de romper com os significados do objeto. Mas, se o filme é um mockumentary estilo Borat, ele cria uma nova obra de intervenção no espaço público, fazendo as pessoas perceberem que aquele espaço na verdade não representa nada. Uma arte dentro da arte (Um palíndromo, Pedrinho?). O mais próximo que podemos chegar da verdade.

Trailer Exit through the gift shop

Pedro Grossi