domingo, 30 de dezembro de 2007

Um sonho de liberdade

A idéia de abandonar tudo (as regras sociais, as pressões por sucesso e resultado, o futuro seguro) a mim sempre soou bem. Acho inclusive que esse deveria ser um rito de passagem da nossa sociedade: Viver isolado por dois anos extraindo da terra todo o necessário à sobrevivência em um processo de auto-conhecimento e auto-aperfeiçoamento. Se isso de fato fosse uma realidade imagino que eu e a maioria de nós sucumbiria antes que a terra desse a segunda volta no sol. A evolução nesse quesito é falha: selecionou os mais inaptos, sedentários e preguiçosos. O ser humano, topo da cadeia alimentar, é, em geral, incapaz de ligar um fogão sem acendedor automático, o que dirá viver uma vida selvagem de privações.

Minha jornada solitária para os recônditos da alma e para as entranhas da mãe natureza sempre foi adiada por motivos banais e tolos: um CD recém lançado, um filme em cartaz ou o time do coração disputando uma partida de importânica média. Sou um perfeito idiota, típico protótipo terceiromundano dependente dos subprodutos da extração de minério de ferro, resultado de anos de lixo cultural despejados em um fogo aventureiro cada vez mais brando. Meu sonho de redenção ainda não morreu, no entanto. É um desejo real, mas distante, como conhecer o museu do Louvre ou passar uma temporada em Praga.

Toda essa introdução autobiográfica apenas pra dizer que um pouco da minha fome por liberdade foi saciada com a história de Chris McCandless, contada no livro "Na natureza selvagem" (Into the wild) do jornalista norte-americano Jon Krakauer, leitura que recomendo veementemente.

Vamos à sinopse: Chris era um jovem brilhante e bem nascido. Aluno exemplar do curso de direito da faculdade Emory, do Estado da Virgínia e filho de um respeitado cientista da NASA. Um futuro sem percalços nem contratempos se desenhava em linhas firmes. No entanto, essa era a vida da qual Chris sempre fugira. O ideal revolucionário, hippie ou beatnik que em nós se manifesta em atitudes autodestrutivas ou efetivamente nulas de significado , em Chris se canalizou em isolamento e contemplação, na velha máxima de que a primeira revolução é a interna. Sua jornada não tinha data para acabar nem planos de se transformar em best seller. Suas motivações foram pueris e corriqueiras. A personificação da ingenuiade e inocência que todos nós tivemos um dia fez com que sua vida se tornasse ela mesma um romance de alcance universal. Uma história que se não fosse resgatada por Krakauer estaria perdida pra sempre nos confins do Alasca.

Depois da formatura, Chris avisa à família que vai sair em uma viagem. Os 24 mil dólares que tinha na poupança são doados a uma instiuição de caridade, assim como a maioria dos seus pertences. O carro é deixado meio à contragosto na estrada e acaba nas mãos de sortudos guardas florestais. De carona pelos Estados Unidos, Chris vai em direção ao seu derradeiro objetivo: o Alasca. Arrumando empregos temporários e construindo grandes amizades pela estrada, ele vai seguindo seu caminho. Um vagabundo eremita anti-social simpático e inteligente como poucas vezes se viu perambulando pelas estradas norte-americanas. O nome já não era mais Chris McCandlles, mas Alex Supertramp, um sujeito orgulhoso da sua independência material e da sua comunhão com a natureza. A aventura filosófica acabou dois anos depois em um ônibus abandonado no que outrora havia sido um esboço de estrada. Seu corpo foi encontrado em decomposição dentro do saco de dormir dias depois da sua morte. As conclusões precipitadas e simplistas logo reproduziram um jovem incoseqüente e arrogante que teve o fim que merecia, mas a reportagem minunciosa de Jon Krakauer revela a real história de alguém que teve a coragem de buscar seu sonhos em vez de deixá-los morrer por inanição.

Quando terminei de ler o livro fiquei obcecado com a idéia de fazer um filme sobre a viagem de Chris, mas felizmente alguém com mais iniciativa, dinheiro e uma rede de contatos mais eficiente que a minha também teve essa idéia. Foram quase 10 anos de luta para transformar o best seller, que ficou 130 semanas na lista de mais vendidos do The New York Times, em filme. Sean Penn escreveu e dirigiu Into the wild, lançado em setembro nos Estados Unidos e que deve sair no Brasil em fevereiro de 2008. Para fazer o longa, Sean Penn fez questão de usar como locação exatamente os mesmo lugares por onde Chris passou durante sua viagem. A trilha original foi quase toda composta e interpretada por Eddie Vedder e o diretor de fotografia é o mesmo que trabalhou em Diários de Motocicleta. Um dos grandes lançamentos de 2008.

Pedro Grossi

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Revolução televisionada

Punk rock = três acordes + anarquia. Rasa, essa é uma equação que ainda reina soberana nos antros do inconsciente pop coletivo. E para testar sua falibilidade não é preciso ir muito longe. Mais precisamente à rua Bowery, quase esquina com Bleecker Street, ao sul de Manhattan. Onde hoje repousa o ex-locus do histórico CBGB.

Há três décadas, o boteco transformado em sinônimo de punk 77 procriou nomes tão díspares quanto Ramones, Blondie, Talking Heads e Patti Smith. A chamada “Blank Generation”, que também abarcava o Television. O responsável pela subversão de lugares comuns antes mesmo de serem tratados como tal. Sob a tutela de Tom Verlaine e Richard Lloyd, já sem a presença do baixista Richard Hell, o quarteto nova-iorquino formado em 73 enfurnou-se em estúdio por longo inverno para esmiuçar aquela que seria sua estréia. Uma expectativa de produção interessante mirada a quem consumia em parelhas proporções literatura, rock básico, John Coltrane, Yes e música erudita.

“Marquee Moon” veio à praça sob sucesso pleno de crítica e um mais contido de público. Talvez pela velocidade intrínseca em que tudo acontece em NY, por tratar-se de mais um debut, ou quem sabe por pura ironia o álbum tenha passado refugado. Acontece que ele repaginou um tipo específico de abordagem guitarrística. Algo não exatamente novo, mas incompatível ao “primitivismo” de boa parte da incipiente produção daqueles tempos. Na tradução: faixas longas, instrumental sofisticado, traquejos de jam-bands, e, ainda assim, com uma coerência melódica e harmônica surpreendente.

O disco reflete parte da vibe de sua época, mas o que o distingue é exatamente a orientação às seis cordas. Cortesia do entrosamento e destreza incomuns de Verlaine e Lloyd. A dobradinha reponde pela adaptação ao universo alternativo do já antiquado arquétipo do guitar hero - que na verdade nunca saiu de moda. Aqui, numa avalanche de texturas dobradas, ora suaves ora obcecantes, dispostas em duelos de fraseados, escalas, pausas, solos e até em acordes atonais. Aula de como as arestas de um Velvet Underground poderiam ser aparadas pelas guitarras de um Wishbone Ash. À frente, o vocal bambo de Tom urge um sentimento de desapego em letras que passeiam de Rimbaud à Lou Reed. Enquanto, ao fundo, o baixo elegante de Fred Smith e a bateria inteligente de Billy Ficca costuram a tela para a filtragem de referências.

"See No Evil” e “Venus”, com arranjo transposto do piano às guitarras, abrem o estrago de maneira até certo ponto ortodoxa. “Friction” dá continuidade ao brilho cromático, mas com um belíssimo interlúdio que quase leva à hipnose. O transe segue e a banda se encontra na progressão de movimentos da faixa-título, encarnação urbana e involuntária do clima de improvisação psicodélica, sem nunca perder o foco. E após “Elevation”, a corrente rui em três faixas: “Guiding Light”, a balada cinquentista que não se furta da tensão característica do grupo; “Prove It”, de arpejos e cadência que remetem à Ventures; e “Torn Curtain”, esparsa e refutando acordes maiores para oferecer contraste e manter a angústia.

Hoje, “Marquee Moon” respira vivo e influente, inalando ares de diversas searas sem deixar de soar independente. Com ele, o Television acenava ao futuro para só ser devidamente redescoberto mais de vinte anos depois. Já no grau de banda “cult”, de grandes e escassos álbuns de estúdio (no caso, apenas mais um, “Aventure”). O lado bom da história é o benefício da dúvida quanto a um hipotético futuro. Paralelos aos bons vôos solos de Lloyd e Verlaine, um par de anos a mais não teria feito mal a ninguém.


Television - Marquee Moon (1977)


01. See No Evil - 3:53
02. Venus - 3:51
03. Friction - 4:44
04. Marquee Moon - 10:40
05. Elevation - 5:07
06. Guiding Light - 5:35
07. Prove It - 5:02
08. Torn Curtain - 6:56

Download



Leonardo Rodrigues

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Noitálogos - Um papo com meu alter ego em tirinhas imaginárias meio auto-biográficas

Álcool e internet - uma combinação perfeita


-Tô com um bloqueio de pensamento
-Mas não há nada mais normal. Digo, a gente pensa o tempo inteiro. As vezes é bom ficar com a cabeça vazia pra pensar na vida
- Como assim pensar na vida? A cabeça não tá vazia?
- Foi mal, deve ter sido um desses bloqueios de pensamento
- Sei como é...

- Escrever é um ato catártico ou intelecual?
- Escrever é uma merda. É cagar palavras
- Então é catártico?
- Eu diria que é cagártico

- Sabe uma coisa que eu acho incrível?
- Não
- Tem razão. Ultimamente eu não tenho achado nada incrível
- Mas você procura coisas incríveis por aí?
- Não, mas eu creio em tudo o que vejo
- Realmente não tem muita coisa pra se ver hoje em dia
- Vamos ao cinema?
- Qual filme?
- O Incrível Hulk
- Não. Já vi

- Ando muito piegas ultimamente. Eu vejo poesia em tudo
- Até no puteiro?
- Principalmente no puteiro. Fico tão sensível no puteiro que me dá vontade de casar com todas as putas.
- Até as velhas?
- Não. As velhas eu quero só abraçar
- Você ainda tem salvação
- Valeu cara, você é demais! Posso te dar um abraço?
- Não

- Diálogo é uma coisa louca, né?
- Como assim?
- A gente só fala coisa sem pensar e geralmente não chega a lugar nenhum
- Mas aonde você queria chegar?
- Num entendimento
- De que?
- Das duas partes
- Mas se as duas partes se entenderem acaba o diálogo
- Pois é, olha que loucura

- É um saco ter que ser engraçado o tempo inteiro
- Você queria o que, ser engraçado de segunda a sexta de 8h às 18h?
- É
- Por isso que você não pega mulher
- Quantas horas?
- Sete
- Droga! Queria te responder como você merece
- Com uma piada?
- Das mais sórdidas
- Admiro sua força de vontade

Pedro Grossi e Juan Sebastian

domingo, 21 de outubro de 2007

Vai faltar champagne

Kimi Raikkonen campeão do mundo. Fantástico e impensável. Tirou 17 pontos em duas corridas! Hamilton deve ter tomado curso intensivo de como perder um campeonato ganho com Cacá Bueno.

E o gelo protocolar prevalece até quando o protocolo nem mais existe. Vibrou como sempre (não) vibra.

Até hoje de manhã eu imaginava que o finlandês nunca iria passar de vencedor de corridas a vencedor de campeonato. Ou até poderia, mas talvez só no final de carreira, guiando um super carro, como Mansell.

E a detentora dos direitos exclusivos de transmissão parece fazer questão de bater os próprios recordes de babaquice. Como se não bastassem gatos mestres, Ícaro de Paula e outros agrados, roterizaram um formidável cartoon: Rapper Hamilton x Dom Alonso. Eu não via uma palhaçada tão idiota como essa deste 93, quando, após o GP de Mônaco, o Esporte Espetacular vestiu o Ayrton Senna de Super Homem e o fez enfrentar o maléfico vilão francês Alain Prost.

Bem, chega. Apenas um adendo sobre o delicioso vt com imagens inéditas de Interlagos em 77. O que só corrobora minha teoria mundana de que só é babaca quem quer - ou quem realmente leva jeito.




Leonardo Rodrigues

sábado, 20 de outubro de 2007

Cheiro de naftalina

Antes dos sete anos eu já tinha o costume de acompanhar corridas. Mas foi com uma no Brasil que o hábito virou religião: Interlagos ´91. Até àquela altura meu favorito era o Prost e dificilmente trocava o Lego ou o Meu Primeiro Gradiente por automóveis rodando em círculos.

Depois daquilo virei seguidor fiel de Senna e de todos os outros brasileiros. Demorei a tomar juízo.

Apesar da fanfarronice galvônica e da polêmica sobre quantas marchas Ayrton havia realmente perdido, foi uma prova fantástica (memória afetiva rules!). Ele vencia em casa pela primeira vez, a duras penas. Completou exausto, com uma verdadeira pane no sistema nervoso, mal se aguentava em cima do pódio.

Lembro-me de assistir no quarto dos meus pais, onde ficava a única TV da casa - uma Panacolor National modelo 79, a cores, moderna para época. Fiquei o tempo todo sentado sobre a cama áspera, semi-rasgada, de cheiro azedo e sem a colcha que provavelmente estava pendurada no varal. Nem me importei com o resto.



Leonardo Rodrigues

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Faz falta

O GP de Adelaide do último post foi histórico não apenas pelo embate de prender a respiração. Muitos podem não se lembrar mas aquela foi a despedida da Lotus negra, patrocinada pelos cigarros John Player Special e de belíssimos filetes em dourado. Uma parceria vitoriosa que durou uma década e meia e que teve início com Emerson Fittipaldi em 1972. Carros pretos como aqueles nunca haviam existido e, segundo o próprio Emo, a cor era um artifício que ludibriava a noção de profundidade que o piloto da frente tinha ao olhar pelo retrovisor.

Como eram bonitas essas baratas da Lotus.

Uma pena que nos anos seguintes, após amarelar com a Camel e se transformar num varal de marcas sem qualquer identidade, o time tenha entrado numa cruel curva descendente, jogando a toalha no final de 94.

Na foto, os segundos iniciais da prova que marcou a primeira vitória de Ayrton Senna na F1, no molhado Estoril de 85. Na ponta, a dupla da equipe de Colin Chapman: Senna e o ótimo Elio De Angelis. Curiosamente ambos viriam a morrer na pista. O italiano no ano seguinte, já pela Brabham, em testes privados no circuito de Paul Ricard. O brasileiro, claro, todos devem se lembrar.



Leonardo Rodrigues

21 anos

Fórmula 1, semana de Grande Prêmio do Brasil. Dedicarei parcos posts a esse esporte que muitos ainda lançam dúvidas se trata-se mesmo de um esporte. No ensejo da decisão tripla de mundial, volto à última vez em que isso aconteceu.

Adelaide, GP da Austrália de 1986. Nigel Mansell chegava à etapa derradeira com oito pontos sobre o companheiro de equipe de Williams, Nelson Piquet, e sete à frente do então atual número 1 Alain Prost, da Mclaren.

Mansell precisava apenas de um terceiro lugar para ser campeão pela primeira vez. Dada a largada, o Leão, logo ele, adotou uma tocada conservadora como há muito não se via. Só não contava que, na volta 65, fosse "premiado" com o pneu traseiro esquerdo estourado em plena reta oposta. Cena histórica. Adeus a um campenato praticamente ganho e que seria de Piquet caso não amargasse um pit-stop a poucas voltas do fim.

Apesar da superiodade dos carros de Frank Williams no ano, Prost vencia e tornava-se bi-campeão.



Tantas variáveis em uma só corrida é de pasmar quem está acostumado ao comboio aerodinâmico no qual a categoria se transformou.



Leonardo Rodrigues

domingo, 14 de outubro de 2007

Quer pagar quanto?



A impressão que tenho ao ouvir um disco do Radiohead é que estou em contato com a música do futuro, ou de um mundo paralelo. É como explorar o universo apocalíptico que a própria banda criou em 'OK Computer'. Um universo complexo e repleto de texturas que vai de uma alegria inocentemente infantil à profunda melancolia. Quando a banda lançou 'OK Computer', em 1997, a mensagem era de um fim catastrófico; em vez disso o que houve foi um grande (re)começo. 'Kid A', 'Amnesiac' e 'Hail to the thief' apontaram um caminho alternativo para a música. Mais do que indicar, o Radiohead explorou essas novas possibilidades criativas. Não que a utilização de elementos eletrônicos no rock fosse uma novidade, mas nunca essa fusão havia ocorrido de forma tão natural e com resultados tão originais. O que o Radiohead conseguiu foi criar uma linguagem musical que traduziu e representou os sentimentos de uma geração com muita informação e pouca formação. Na contramão dos que apenas exaltavam as maravilhas tecnológicas da modernidade, a banda lembrou da angústia que isso pode trazer e de que a solução, se é que ela existe, pode não estar nas 'facilidades' do mundo moderno. Cada geração teve seus representantes (de Led à Nirvana) e quem melhor representa o período pós-internet é o Radiohead.

'In Rainbows', parece continuar a história iniciada em 'Ok Computer'. Uma história que, espero, ainda está longe do fim. Em '15 steps' e 'Bodysnactchers', as duas músicas que abrem o CD (ou arquivo mp3), Phil Selway emula na bateria uma batida eletrônica empolgante que logo se reconhece como Radiohead. 'Nude', que pode ser considerada a 'balada' do disco, mistura a atomosfera de 'Exit music: for a film' e a melodia de 'How to disappear completly' pra criar uma canção que desde já entra pro hall de clássicos da banda. 'Weird fishes/Arpeggi' tem Phil Selway trabalhando mais uma vez com constantes mudanças de tom e de clima. Entra fácil na lista de preferidas. Em 'All I need', uma base de xilofones, um baixo grave, um teclado muito bem colocado e uma bateria e uma guitarra que resolvem gritar no final da música. Em 'Faust Arp' Thom Yorke parece ditar uma profecia com um violoncelo ao fundo, algo parecido com a música 'A Wolf at the door' que fecha 'Hail to the thief'. 'Reckoner' tem quebradas de ritmo com backing vocals e mais Phil Selway emulando batidas eletrônicas. 'House of cards' abre a seqüência final de 'In Rainbows' com Ed O'brien fazendo uma base contida na guitarra enquanto Thom Yorke canta com a voz e a melodia que fazem dele um dos vocalistas mais importantes da atualidade. 'Jigsaw falling into place' reúne na mesma música tudo o que o Radiohead tem de melhor: ritmo (e quebradas de ritmo), melodia e a criação de uma atmosfera única. A melhor faixa do CD. O encerramento fica por conta de 'Videotape' com apenas um teclado e Thom Yorke. Mais instrumetal e menos eletrônico, embora a sonoridade continue moderna, o Radiohead mantém o nível de sua discografia praticamente irretocável e se consolida como a banda mais importante da atualidade.

A espera de 4 anos pelo novo disco acabou com o anúncio da banda, em seu site oficial, de que o trabalho estava finalizado e de que ele seria disponibilizado para download no próprio site oficial. O preço? O valor que você quiser pagar (!). Basta cadastrar o email no site para receber o link de acesso. Sem gravadoras sanguessugas pra intermediar o processo. A modernidade também traz coisas boas, afinal.

www.radiohead.com


Pedro Grossi

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Fuck the beauty contests


Estar desempregado tem algumas vantagens. Em plena quinta-feira à tarde comprei uma bandeja de danoninho e aluguei um filme que há muito queria assistir: "Little Miss Sunshine". Aliás, o tal do "little" danone é uma coisa que tinha tudo pra ser ruim, mas que é bom pra cacete. Felizmente, esse queijo sabor morango ganhou o simpático e mais convidativo nome de queijo petit suisse. Agora, voltando ao filme: O convívio insuportável dos Hoover, família que protagoniza a película, me lembrou as situações vividas pelos Burnham de "Beleza Americana". Se o filme de Sam Mendes destacava em sua fotografia tons de vermelho contrastando com tons de azul claro para demonstrar uma paixão e um sentimento de vida reprimidos e prestes a explodir dentro de um ambiente frio e aparentemente controlado, em "Little Miss Sunshine", de Jonattan Dayton e Valerie Faris, o amarelo escorre pela tela. Em uma analogia escatológica: em um filme a ferida sangra enquanto em outro ela está infeccionada com pus. Em ambos os casos, porém, a deterioração familiar serve como estopim para uma viagem em busca do auto-conhecimento e, por que não dizer, da famigerada felicidade.

Cruzando os Estados Unidos em uma kombi para inscrever a pequena Olive um um concurso infantil de beleza, a família Hoover, confinada dentro do carro, é forçada a um relacionamento constante e intenso. Cada membro do clã tem suas próprias ambições e frustrações e é obrigado a conviver com as falhas e defeitos uns dos outros: Richard, o patriarca, é um mal-sucedido motivador (ou seja lá qual nome têm essas pessoas estilo Antônio Roberto) que não admite derrotas ou falhas (“Magnólia” e “Réquiem para um sonho” são dois outros filmes que também mostram essas palestras de auto-ajuda como acobertadores de personalidades depressivas e deprimentes); Dewey é um adolescente blasé que preferiu fazer voto de silêncio a encarar as esquisitices alheias e até a própria; Frank é um intelectual especialista em Proust que tentou se matar depois de um amor não-correspondido; o avô é um viciado em cocaína insatisfeito com a própria história de vida e que falha na tentaiva de odiar sua família; Olive é uma menina precoce (no bom sentido) que busca realizar o sonho de ser uma miss infantil e Sheryl é uma mãe tentando unir todas essas atas soltas para criar um esboço de família. No entanto, por mais falidos que sejam os Hoover, todos fazem concessões para tentar realizar o sonho da pequena Olive e dão o primeiro passo para a redenção. É só quando são derrotados, seja na descoberta que Dewey faz de que não pode realizar seu sonho de pilotar aviões, seja no não reconhecimento do trabalho intelectual de Frank, no insucesso de Richard em vender seu programa motivacional ou na apresentação hilária e comovente que Olive faz durante o concurso de beleza infantil, que se descobrem cúmplices de uma mesma história. Ao perceberem que a melhor auto-ajuda é a ‘outrem’- ajuda, eles passam a viver não sob a ditadura da beleza e do sucesso, mas saboreando cada momento da vida em detrimento dos ‘concursos de beleza’ a que somos constantemente submetidos.

Um antológico exemplar da boa e velha (sétima) arte de contar uma simples e grandiosa história. Simplesmente acachapante!


Pedro Grossi




quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Riposi in pace, Luciano



Hoje o mundo se tornou um lugar menor.



Leonardo Rodrigues

sábado, 18 de agosto de 2007

The Simpsons movie


Alguns ícones culturais alcançam um estágio de credibilidade e qualidade tão elevados que eles podem simplesmente 'jogar com a camisa', sem ter a pressão de lançar uma obra prima após a outra. Nessa fase já não importa tanto o que foi feito, mas sob qual grife. Rolling Stones, Paul McCartney, Francis Ford Coppola e, claro, os Simpsons são alguns exemplares desse seleto grupo. Qualquer lançamento que estiver associado a esses nomes será um sucesso. Como tive o caráter e o senso de humor moldados pelo desenho, elogiar "The Simpsons Movie" e fazer o máximo possível de propaganda positiva é, pra mim, pagar uma dívida de gratidão.

Fui assistir à estréia com certa apreensão pela imensa propaganda criada para o longa, que já havia sido anunciado desde 1998. Afinal, quanto maior a expectativa, maior tende a ser a decepção. Mas logo na primeira cena, uma brilhante auto-referência. Durante a projeção de um filme do Comichão e Coçadinha, Homer se levanta e pergunta: "Por que pagar pra ver um desenho que podemos ver de graça na televisão?" Primeiro, porque não se vê na televisão um episódio de 90 minutos e segundo, porque a mistura de animação 3d com desenhos feitos à mão deu um visual muito bacana. Aliás, os coreanos que fizeram a animação do filme e que também são responsáveis pela animação dos episódios devem ser os últimos desenhistas old fashion do mundo, desses que ainda desenham no papel. Além disso, a versão cinematográfica possibilita certas ousadias imposíveis na televisão.


Nos primeiros anos dos Simpsons, as histórias eram verossímeis e as ironias mais sutis. Os personagens eram contidos e os episódios giravam em torno dos conflitos familiares. Ao longo dos anos, os bons roteiros foram naturalmente se esgotando e o desenho mudou um pouco de rumo para continuar no ar: A idiotice do Homer se tornou escatológica e o aparecimento de celebridades virou uma constante. O que era um acessório de luxo nos primeiros programas, virou a regra das últimas temporadas. Apesar de ter caminhado para um humor mais 'fácil', algumas características antigas se mantiveram. As instituições falidas e corruptas (escola, igreja, política, polícia etc), que sempre foram fonte pra excelentes piadas, continuam rendendo tiradas memoráveis.

Tudo isso pra dizer que o filme pareceu ser produzido pra agradar a gregos e troianos, o que quase sempre não é bom sinal. Como nenhum outro programa, os Simpsons tem fãs em todas as classes sociais e intelectuais e cada um tem seus motivos para gostar do desenho. Por isso, o desafio de fazer um bom filme sobre a série era tão grande. Sem contar que para a versão cinematográfica é preciso criar uma história que seja inteligível pra quem nunca assistiu a um espisódio. Concessões feitas para atingir um público maior geralmente resultam em produtos vazios e descartáveis. Felizmente não foi o caso. Apesar do roteiro abandonar um pouco o cotidiano banal da família (que sempre foi minha parte favorita nos episódios) para investir na ação, o filme tem piadas tão inspiradas que fazem valer cada centavo pago (como a já clássica cena das pessoas que, com medo da morte que parece iminente, fogem da igreja para o bar enquanto os bêbados correm pra igreja). As imagens repletas de referências à obras de arte, livros e filmes com certeza vão transformar o filme em um objeto cult e fazer com que o DVD seja um sucesso de vendas. Matt Groening correu o sério risco de jogar na lama uma história de quase 20 anos de sucesso, mas conseguiu realizar dignamente o sonho de colocar os Simpsons na telona. Se não foi brilhante como de costume, os Simpsons ficou acimda da média, como sempre. Shrek, South Park e outros filhotes da série vão ter que esperar um bom tempo até que o ogro amarelo Homer perca a majestade.


Pedro Grossi

sábado, 21 de julho de 2007

Teste pra cardíaco

A criatividade para postar aqui anda em baixa. Então, nada melhor que comemorar ao limite extremo os 57 anos de Galvão Bueno. Como? Com uma espertíssima coletânea de vídeos que são teste pra cardíaco. Haja coração, amigo.

Galvão x Pelé
Cantando o hino nacional
Os bons tempos
A física não permite
Libertadores 2007
Previsões
Plácido Iglesias
Hilário
É Tetra
Terminou o sonho do tetracampeonato
No finalzinho

Outras pérolas são mais do que bem vindas.



Leonardo Rodrigues

quinta-feira, 5 de julho de 2007

O segundo grande trauma

Para quem acompanha futebol esta história já é velha. Mais precisamente 25 anos. A seleção brasileira de craques, invicta em Copas há onze jogos, caia diante de um time que de uma hora para outra (e sem muita explicação) começou a passar por cima de todos rumo ao tricampeonato. Belíssima partida, 3 a 2, show de Paolo Rossi. Ragazzo vindo de envolvimento na manipulação de resultados no Campeonato Italiano - o que o afastou dos campos por dois anos.

A redenção de Telê demoraria uma década, ao comando do São Paulo. Mas aquilo que os caquéticos ainda insistem em chamar de "futebol arte" morreu em Barcelona, no finado estádio de Sarriá, em 05/07/1982.

Clique aqui e assista ao embate dividido na íntegra com transmissão da BBC.



Leonardo Rodrigues

quarta-feira, 27 de junho de 2007

O cérebro do Pink

Quarenta anos de “Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band”, festa mais do que merecida. Mas nunca é tarde para guardar balões e lembrar de repartir o que restou do bolo com outros notórios. “Magical Mystery Tour”, “Velvet Underground & Nico”, ”Are You Experienced”, “Forever Changes”, “Disraeli Gears”, “Smiley Smile”, "Younger Than Yesterday". A lista de 1967 é imensa, a influência não menos que seminal. E olhando ao redor, à periferia da revolução, era possível avistar um jovem inglês que se destacava em meio à enxurrada psicodélica. Roger Keith Barrett, ou Syd Barrett, a mente por trás (e por todos os outros lados) de “The Piper At The Gates Of Dawn”.

Ao lado dele, Roger Waters, Richard Wright e Nick Mason, então futuros membros do Pink Floyd e que já tocavam juntos, eram personas fáceis no underground londrino de meados da década de sessenta. Cena que tinha como fio condutor o existencialismo de Jean-Paul Sartre, a contracultura norte-americana emergente e o uso livre e indiscriminado de substâncias ilícitas. E nesse último quesito Barrett estava sempre a um passo à frente. Mesmo no posto de maior representante dos novos ares, tão logo ficou claro que as pretensões do quarteto formado em 65 iam muito além da efervescência cultural.

A libertinagem criativa de Syd trouxe novas perspectivas à banda, antes, como tantas, centrada em um repertório beat/rhythm and blues. Domar os instintos desta nova peça se tornou a grande dor de cabeça dos executivos da EMI quando ofereceram o primeiro contrato. À revelia dos músicos, o produtor Joe Boyd cedeu lugar a Norman Smith, ex-engenheiro de som dos Beatles e desde sempre encarregado em extrair o que havia de mais pop entre os aspirantes a sensação. Trabalho árduo e extremamente desgastante, principalmente quando a tarefa era costurar os pontos de um grupo como o Pink Floyd. Não havia nada parecido. Assistir a uma de suas apresentações era mergulhar em uma experiência extra-sensorial única. Em miúdos: teclados e guitarras à frente, temas explorados de maneira pouquíssimo ortodoxa e entrelaçados por longos improvisos dissonantes. Tudo guiado pelo senso melódico incomum de Syd Barrett, o responsável pela autoria de quase todas as músicas. Ao fundo, compunham o cenário projeções abstratas que mais pareciam simular os efeitos do consumo de alucinógenos. Psicodelia à moda inglesa, nem sempre multicolorida.

Concebido em Abbey Road, ao lado da sala onde os Beatles finalizavam “Sgt. Peppers...”, “The Piper At Gates Of Dawn” transformou para sempre os limites entre a vanguarda e o pop. Reza a lenda que Lennon e Barrett, entre uma e outra visita à cantina, trocavam pitacos sobre o trabalho de cada um. Influência mútua ou não, é fato que o fruto das sessões de gravação nasceu sob aura própria. Antes de mergulhar em um estranho universo sônico de letras e referências surreais, escutar o disco é passear por entre os meandros mais obscuros da consciência humana, sem compromissos com lógica ou linearidade. Das alusões astronômicas de “Interstellar Overdrive” e “Astronomy Domine” - que bem representariam a essência espacial do grupo - aos reflexos lúdicos de faixas como “The Gnome”, “Lucifer Sam” e “Bike”, tão pueris quanto perturbadoras. Ou os flertes literatos ao capítulo 24 (Fu) do I-Ching, em “Chapter 24”. Literatura, que , aliás, serviu também como inspiração ao título do álbum, retirado de "The Wind in the Willows", clássico de Kenneth Grahame.

Se à época “The Piper...” foi recebido com certa dose de “pé atrás” por conta do experimentalismo, o tempo foi pródigo em colocar os pingos nos “is”. O passar dos dias, no entanto, não foi tão complacente com o líder do Floyd. Os excessos químicos o fizeram entrar em parafuso, custando a sanidade e o emprego, que caiu no colo de David Gilmour. Quase como penitência ao homem que deu luz à suas reputações, Gilmour, Waters e Wright ainda produziriam e tocariam nos álbuns “The Madcap Laughs” e “Barrett”, ambos de 70. Mas os esforços pouco surtiram efeito, a carreira-solo de Syd nunca deslanchou. Terminou isolado do meio artístico por trinta e quatro anos até a morte, em julho do ano passado. Provavelmente sem ter idéia da extensão de sua criação. Ainda hoje, o frescor arrojado do disco de 67 ecoa sem amarras em estilos ou tradições. Sem ele, entrando no campo errático do “se”, não é exagero vislumbrar com maus olhos o que seria do rock progressivo, de David Bowie, Sonic Youth, Violeta de Outono, Flaming Lips ou, claro, do próprio Pink Floyd, que por tempos se esforçou em pagar ao mentor o devido tributo.

Pink Floyd - The Piper At Gates Of Dawn

1. Astronomy Domine
2. Lucifer Sam
3. Matilda Mother
4. Flaming
5. Pow R. Toc H.
6. Take Up Thy Stethoscope and Walk
7. Interstellar Overdrive
8. The Gnome
9. Chapter 24
10. Scarecrow
11. Bike

http://www.mediafire.com/?ezamhtygzzj



Leonardo Rodrigues

domingo, 24 de junho de 2007

Aqui se paga II


Há alguns meses se esperava pelo dia de hoje. Não pelo placar em si, pelos rompantes de euforia momentânea, ou pela verdade futebolística reestabelecida no Estado. Mas pela maneira como tudo aconteceu, a postura, a sinergia. A tão panfletada garra e qualidade técnina atleticana não passa de um bem treinado repertório de ... 1 jogada. Deu gosto. Por cima da arrogância alvinegra, não poderia ter sido melhor.

Os atleticanos diziam que não conheciam os novos jogadores do Cruzeiro. Dificilmente eles vão esquecer deles depois de hoje. O único pornto negativo foi o Araújo que provou realmente só fazer gol em time pequeno.





Pedro Grossi

sábado, 23 de junho de 2007

David Fincher conseguiu de novo


"Like killing people because it is so much fun it is more fun than killing wild game in the forest because man is the most dangerous anamal (sic) of all to kill something gives me the most thrilling experience it is even better than getting your rocks off with a girl the best part of it is that when i die i will be reborn in paradice (sic) and all the i have killed will become my slaves i will not give you my name because you will try to sloi (sic) down or stop my collecting of slaves for my afterlife ebeorietemthhpiti (sic)"



As únicas pistas que a polícia de São Francisco tinha para tentar descobrir a identidade do Zodíaco eram as cartas criptografadas e as confissões e ameaças que ele exigia serem publicadas no Jornal San Francisco Chronicle. Nas cenas dos crimes, nenhuma evidência capaz de incriminar concretamente um suspeito. Todos os elementos de um bom filme de serial killer estão lá: os símbolos e códigos misteriosos, as ligações ameaçadoras no meio da madrugada, a sensação que o assassino está mais perto do que se imagina e que, além ou apesar disso, está sempre um passo a frente de qualquer investigação. O novo filme de David Fincher seria uma reunião bastante competente dos clichês do gênero - que aliás ele ajudou a consolidar em Seven - se não fosse um detalhe fundamental: a história que ele conta é real.

Baseada nos livros de Robert Graysmith (Zodiac e Zodiac Unmasked), a história não foca a mente perturbada/brilhante do assassino, nem suas motivações. Acompanhamos o desenrolar dos fatos do ponto de vista da investigação e é aí que mora o grande mérito do roteirista James Vanderbilt. Na primeira parte da projeção vemos a reação dos editores do San Francisco Chronicle com as cartas e ameaças de Zodiac e a investigação extraoficial iniciada pelo repórter policial Paul Avery, vivido com assustor realismo por Robert Downey Jr., e do cartunista excessivamnte tímido Robert Graysmith (Jake Gyllenhall). Quando a dupla começa a juntar algumas peças, a 'linha de raciocínio' é interrompida. De modo repentino, mas não abrupto, passamos a acompanhar a equipe do policial David Toschi (Mark Rufallo) na cena de mais um suposto crime de Zodiac. Tudo no filme é suposição e especulação. As certezas quase não existem. Sem as facilidades tecnológicas do século XXI, as investigações travam em desinformações, brigas de vaidade e falhas de comunicação. Em determinado momento é nítida a impressão de que cada equipe caminha para um lado difrente. Somos habilmente levados por David Fincher em todas essas direções e, junto com os personagens, cometemos o erro de nos agarrar às menores pistas e evidências deixadas por Zodíaco, tentando encaixar os fatos dentro de pré-conceitos. Uma falha compreensível e até certo ponto inevitável. Nunca esse real desafio policial foi tão bem representado no cinema. Toda a complexidade da história, repleta de 'núcleos' e anticlímax, se mostra absurdamente clara sem ser em nenhum momento didática. A inteligência do espectador é extemamente respeitada e o roteiro passa longe da pedância de filmes cabeçudos. David Fincher conseguiu unir (de novo) arte e entretenimento.

O desenvolvimento gradual dos personagens também é algo notável. A timidez de Graysmith vai se transfomrando em obsessão e a auto-confiança de Paul Avery termina à beira da loucura. Resolver o caso Zodiac vira algo pessoal, um desafio ao ego, em uma arrastada investigação que chega a durar décadas. Um personagem levanta a questão: Morrem mais pessoas em acidentes de trânsito em San Franciso em um dia do que o Zodiac já matou em duas décadas. Se ele caísse no ostracismo talvez não durasse mais do que poucos meses. Por que então foi dada a publiciade que ele tanto queria e que acabou por alimentá-lo? Porque é tudo uma disputa por reconhecimento. Alguns cometem excêntricos homicídios, outros dedicam a vida para solucioná-los. Mas o que todos querem é ter o nome nas manchetes de jornal.

No final do filme, a tradicional reviravolta do roteiro, comum em filmes de seral killers, é substituída por um sinal de reticências... A história continua. A sensação de frustração é invetiável. Não porque a obra seja decepcionante, mas porque ela foi tão envolvente a ponto de provocar um sentimento real. E isso já é mais do que a gente geralmente espera de um filme.






Pedro Grossi

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Fala que eu te respondo

Seu sonho sempre foi bater um lero com Paul McCartney? Então seus problemas acabaram. Clique aqui e participe da mais nova brincadeira de divulgação de "Memory Almost Full", novo álbum do Beatle. É só colocar seu nome, seu país e perguntar tudo o que sempre quis saber - nem que seja só para ter certeza que a memória dele está mesmo quase cheia. Mas não adianta vir com chorumelas, Paul não vai responder sobre os ex-colegas de Liverpool e nem se está morto. Já para uma canja ao violão ele não se faz de rogado.



Leonardo Rodrigues

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Inteligência afrodisíaca


Enquanto os estudantes da USP perdem tempo na descabida invasão do prédio da reitoria em São Paulo, a verdadeira inteligentsia univestitária do mundo se preocupa com coisas mais importantes e interessantes. A nova onda entre estudantes de renomadas universidades como Yale, Harvard e a Univesridade de Boston é se dedicar a publicações, digamos, reveladoras. Os próprios estudantes posam como modelos em ensaios de sexo explicíto, com um pé na pornografia e o outro no chamado nu artístico. O curioso é que as iniciativas têm apoio, às vezes até financeiro, da direção das Universidades.

A versão online das publicações é um pouco mais light, mas tem alguns nus femininos bem interessantes. Pensei em colocar os links aqui, mas os punheteiros de plantão que procurem no google. Aqui vai um aperitivo.
















Pedro Grossi

sábado, 9 de junho de 2007

Entre o banco e o volante

E a Fórmula 1 segue rumo ao Grande Prêmio de Montreal, sexta etapa do calendário, sediada no belíssimo circuito Gilles Villenneuve. O traçado canadense é incrustado na não menos bela Ilha de Notre Dame. Até aqui um ótimo campeonato de péssimas corridas. É preciso tomar atitudes. A Ferrari já percebeu qual peça precisa de maiores cuidados.


Leonardo Rodrigues

domingo, 3 de junho de 2007

Detalhes tão pequenos

Sobre este tipo de pirataria dificilmente Roberto terá algum controle. Clique aqui, baixe o arquivo do livro em PDF e segure-se na cadeira para saber o que todo mundo já sabe.



Leonardo Rodrigues

Jogo da Vida

Começa nos próximos dias na Holanda um novo reality show. Três pacientes /participantes disputam a preferência do público e de uma paciente terminal na corrida pelo grande prêmio: um rim novo. Enquanto isso a venezuelana RCTV perde a concessão da sua emissora de TV.



Pedro Grossi

sexta-feira, 1 de junho de 2007

A gênese

Nunca fui lá muito chegado em Genesis. Mesmo os ótimos "Nursery Cryme", "Selling England by the Pound" e "The Lamb Lies Down on Broadway", nunca foram capazes te cativar meus ouvidos a ponto de me dizer fã. Mas é difícil não dar atenção especial a este "Genesis Archive 1967-1975". Um box lançado em 98 com quatro CDs que fazem um apanhado da primeira e melhor fase da banda, só com material inédito. E no arquivo deles material inédito é o que não falta. Entre as iguarias, a performance ao vivo na íntegra do "The Lamb..." em 1973, demos, b-sides e gravações na BBC em 70. Overdubs e mais overdubs. Mas e daí? Pela primeira vez não tive motivos para reclamar da produção de um álbum do Genesis.


Genesis Archive 1967-75

CD 1 - "The Lamb Lies Down On Broadway" (Live)

01. Lamb Lies Down on Broadway [Live] 06:31
02. Fly on a Windshield [Live] 04:34
03. Broadway Melody of 1974 [Live] 00:34
04. Cuckoo Cocoon [Live] 02:16
05. In the Cage [Live] 07:57
06. Grand Parade of Lifeless Packaging [Live] 04:25
07. Back in N.Y.C. [Live] 06:10
08. Hairless Heart [Live] 02:30
09. Counting Out Time [Live] 03:57
10. Carpet Crawlers [Live] 04:59
11. Chamber of 32 Doors [Live] 06:39

http://www.badongo.com/file/3190637


CD 2 - "The Lamb Lies Down On Broadway" (Live)

01. Lilywhite Lilith [Live] 03:04
02. Waiting Room [Live] 06:14
03. Anyway [Live] 03:28
04. Here Comes the Supernatural Anaesthetist [Live] 03:57
05. Lamia [Live] 07:18
06. Silent Sorrow in Empty Boats [Live] 03:08
07. Colony of Slippermen [The Arrival/A Visit to the Doktor/The Raven] 08:47
08. Ravine [Live] 01:36
09. Light Dies Down on Broadway [Live] 03:37
10. Riding the Scree [Live] 04:29
11. In the Rapids [Live] 02:24
12. It [Live] 04:20

http://www.badongo.com/file/3192101


CD 3

01. Dancing With the Moonlit Knight [Live] 07:05
02. Firth of Fifth [Live] 08:28
03. More Fool Me [Live] 03:59
04. Supper's Ready [Live] 26:34
05. I Know What I Like (In Your Wardrobe) [Live] 05:36
06. Stagnation [Live] 08:53
07. Twilight Alehouse [Single B Side] 07:48
08. Happy the Man [Single A Side] 02:54
09. Watcher of the Skies [Remix] 03:42

http://www.badongo.com/file/3254240


CD 4

01. In the Wilderness [Rough Mix Without Strings] 02:59
02. Shepherd [BBC Nightride] 04:00
03. Pacidy [BBC Nightride] 05:41
04. Let Us Now Make Love [BBC Nightride] 06:13
05. Going Out to Get You [Demo Version] 04:53
06. Dusk [Demo Version] 06:13
07. Build Me a Mountain [Rough Mix] 04:12
08. Image Blown Out [Rough Mix] 02:11
09. One Day [Rough Mix] 03:08
10. Where the Sour Turns to Sweet [Demo Version] 03.14
11. In the Beginning [Demo Version] 03:31
12. Magic of Time [Demo Version] 02:01
13. Hey! [Demo Version] 02.27
14. Hidden in the World of Dawn [Demo Version] 03:10
15. Sea Bee [Demo Version] 03:04
16. Mystery of the Flannan Isle Lighthouse [Demo Version] 02:35
17. Hair on the Arms and Legs [Demo Version] 02:41
18. She Is Beautiful [Demo Version] 03:46
19. Try a Little Sadness [Demo Version] 03:19
20. Patricia [Demo Version] 03:05

http://www.badongo.com/file/3256219



Leonardo Rodrigues

terça-feira, 29 de maio de 2007

O gol mil do Romário

Sempre fui um pouco relutante com o Romário. Pra mim, ele entra no mesmo grupo de Chico Buarque, Maria Rita e Los Hermanos: competentes em suas funções, mas tão supervalorizados pela mídia que acabam me causando aversão. No caso do futebolista há ainda os agravantes da marra e da máscara que o acompanharam por toda a carreira. Esse arrastado milésimo gol só contribuía com o meu sentimento anti-romarista. Mas o documentário exibido no último domingo pelo Esporte Espetacular, que aliás há tempos demonstra uma inegável qualidade em suas matérias, me fez rever alguns conceitos.

Estou careca de saber que o futebol é um dos principais trampolins sociais do Brasil. Sei também que Romário veio de família pobre e ganhou a vida graças ao talento esportivo. Mas essa história foi tantas vezes repetida que os fatos perderam o peso. Dos nossos, como diz o outro, 'palacetes acarpetados' é um pouco difícil dimensionar o que é nascer na periferia carioca em um criadouro de criminosos. Pra quem nasceu num lugar desses já é louvável o fato de conseguir chegar ao fim do dia e perceber que nenhum membro da família morreu de fome ou em um tiroteio com a polícia. Além de talento, Romário teve sorte. Quantos outros morreram antes de conseguir mostrar em uma peneira o dom para o futebol?

No supracitado documentário, aparecem os personagens que fizeram a história do Romário ser diferente. A tia que dava dinheiro pra ele pagar o transpote até São Januário, o treinador de várzea que sabia do talento que tinha em mãos, as testemunhas de lances que mais tarde encantariam milhões de torcedores pelo mundo e o pai que depositava em Romário a chance de sair da pobreza extrem em que viviam. Nem os clichês típicos de uma produção global, como a narraçao de Sérgio Chapelin e as imagens em contraluz de jogadores fazendo embaixadas ao por do sol, diminuíram a força do programa. Nesse caso, o conteúdo foi mais forte do que a forma. Os depoimentos do Romário demonstraram o ser humano por trás da marra e da máscara, que talvez não sejam nada mais do que defesas de quem se criou em ninhos de cobras.

Nos jogos em que o milésimo era esperado, uma câmera silenciosa acompanhava os passos do jogador. Sem Sérgio Chapelin e sem trilhas do Marcus Vianna. Apenas Romário e seu destino. E nós, como privilegiadas testemunhas. Quando finalmente saiu o gol, Romário recebeu aqueles a quem deve todo o sucesso. Nenhum atleta, nenhum jornalista, nenhum cartola. Estavam lá a esposa, as filhas (uma delas com síndrome de Down) e a tia que emprestava dinheiro pra ele ir treinar.

PS.: A matéria feita pelo Régis Resing para o Jornal Nacional sobre o gol 1000 foi excepcional. É estimulante saber que o jornalismo ainda tem salvação


Pedro Grossi

segunda-feira, 28 de maio de 2007

A madrasta dos baixinhos



"Me ajuda, por favor, senta aí. Numa boa, legal, legal, pra mim não ficar pedindo muito."



Leonardo Rodrigues

terça-feira, 22 de maio de 2007

The Same Old Song

Chega uma hora em uma partida de futebol, lá pelos trinta do segundo tempo, quando o time que joga pelo empate, já física e mentalmente enfraquecido, se entrega à certeza de que o melhor é segurar o resultado. Qualquer esforço maior representa um risco que pode levar tudo a perder. Na música, a longevidade é um indicador quase tão certo deste dilema quanto o da chegada das rugas, dos pneuzinhos sobressalentes ou da dúvida entre gravar um acústico ou um disco de covers. Quem acompanha Ozzy e sua trajetória, conduzida à mão de ferro pela esposa Sharon Osbourne desde o ínicio dos anos 80, sabe bem o que significa a sensação de jogo ganho.

“Black Rain” é o melhor rebento do ex-comedor de morcegos desde “No More Tears” (1991). O que não quer dizer muito. Osbourne lida com a carreira-solo como um pormenor desde a turnê “No More Tours”, quando ameaçou a aposentaria para em seguida ensaiar idas e vindas ao Black Sabbath. Plano ao menos temporariamente abortado com a volta de Ronnie James Dio ao grupo, agora sob a égide Heaven And Hell. Para completar, ainda tivemos a organização de um festival itinerante pelos EUA, o Ozzfest, e a pagação de micos via reality show com “The Osbournes”. A esta altura do campeonato, a dúvida: o que esperar daquele que um dia ostentou o cetro de “príncipe das trevas”? Sobriedade. Priscas eras em que uma carreirinha de formigas era o pretexto ideal para mais uma fungada. Segundo o próprio, é a primeira vez que compõe e grava um álbum livre de aditivos químicos. Nada mais natural para um pai de família quase sexagenário que há pouco driblou a morte em um bizarro acidente de quadriciclo. Excentricidades de um mundo à parte, não de hoje é visível que os traumas do presente e passado deixaram marcas irreversíveis, e Ozzy está aprendendo a lidar com elas.

Como as cicatrizes dos conflitos e paranóias pós-11 de setembro, impregnados em tons soturnos no disco. Mesmo não sendo exatamente esta a intenção, Countdown's Begun” surge como manifesto anti-bélico, uma espécie de atualização de “War Pigs” – como se ela precisasse ser atualizada trinta e sete anos depois. Há também a introspectiva “Lay Your World On Me”, imersa em um remorso tão explícito que é capaz de estranhar os desavisados. “Eu não estive presente quando você precisou de mim/eu não mereço o amor que você dá/mas agora estou te dizendo que estou aqui”, retrata-se inspirado na luta de Sharon contra um câncer no útero.

A dinâmica da ótima banda, que agora conta com uma guitarra mais contida de Zakk Wylde, além do ex-Faith No More Mike Bordin na bateria, e do baixista Rob Nicholson, leva um estilo às últimas conseqüências. Não é de admirar que seja um trabalho exclusivamente voltado a quem o madman deve até o último fio de cabelo tingido. O fã. Talvez tendo isto em mente dê para receber com um sorriso no rosto as tradicionais e chorosas melodias de “I Don't Wanna Stop”, ou ‘esquecer’ de antemão que baladas como “Here For You” nunca foram compostas. É aquela velha sensação de mais do mesmo que tanto acomete artistas de determinada quilometragem. Ozzy não foge à regra e compra como poucos a idéia de que para se manter inabalado no patamar de rockstar é preciso antes de tudo alimentar o próprio personagem. Só assim para minimizar a sensação de déjà vu ao longo das faixas, potencializada inclusive na boa “Not Going Away” e também na faixa-título.

No resumo da obra fica a impressão de que toda a mitologia ao redor do nome Ozzy Osbourne é, de longe, muito maior que qualquer investida fonográfica. O porém é que ele chegou a um ponto em que não precisa, necessariamente, fechar-se na retranca para jogar pelo empate. Poderia muito bem lançar um novo disco; novo mesmo, com novas influências, referências, daquelas que fazem os ‘verdadeiros’ seguidores se ajoelharem no milho e pagarem penitência para se verem livres. Mais ou menos como ensaiado em “Down To Earth”, de 2001. Poderia... bem como pendurar as chuteiras de vez.

Ozzy Osbourne - Black Rain


Tracklist

1. Not Going Away
2. I Don't Wanna Stop
3. Black Rain
4. Lay Your World on Me
5. The Almighty Dollar
6. 11 Silver
7. Civilize the Universe
8. Here For You
9. Countdown's Begun
10. Trap Door

http://rapidshare.com/files/31707137/2007_Black_Rain.zip.html



Leonardo Rodrigues

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Vai um votinho aí?

Esta merece ser reproduzida na íntegra:

Candidata ao Senado belga "promete" praticar sexo oral com seus eleitores

Bruxelas, 16 mai (EFE).- A candidata ao Senado belga pelo partido de protesto NEE ("Não" em holandês), Tanja Derveaux, garantiu hoje uma "surpresa" para quem se inscrever na lista para desfrutar uma das 40 mil felações que ela "promete" no marco de sua provocadora campanha eleitoral pela Internet.

"Todos que se cadastrarem receberão algo muito divertido", assegurou Tania ao ser interrogada pela Efe a respeito da seriedade de sua campanha para as eleições legislativas do próximo 10 de junho.

A jovem estudante de marketing decidiu, junto com cinco amigos, tirar férias para concorrer às eleições municipais e legislativas na Bélgica a fim de oferecer "um voto de protesto imparcial" àqueles eleitores que não estejam contentes com nenhum partido e queiram deixar clara sua decepção com as promessas que não forem cumpridas.

O NEE quer colocar os partidos políticos tradicionais frente a seus defeitos e aproximar a política dos cidadãos.

De início, Tania aparecia na publicidade eleitoral do NEE desnuda ou seminua com asinhas de anjo e prometia criar 400.000 "jobs" (empregos, em holandês), parodiando a oferta do partido do primeiro-ministro, Guy Verhofstadt, de criar 200.000 empregos.

Mas a reação de um seguidor, que lhe perguntou por que não prometia "blowjobs" (felações, em inglês) em vez de "jobs", fez com que Tania e sua equipe decidissem dar uma reviravolta ainda mais provocadora e exagerada ao slogan.

Em sua página eleitoral www.nee-antwerpen.be, Tania oferece agora "40.000 blowjobs" para quem se registrar.

Ao ser perguntada se não teme que alguns crédulos possam levar a sério a promessa, Tania assegurou que "a maioria do povo entende logo de cara que não é real".

"As pessoas não são tolas e aquelas pessoas que nos fazem perguntas a respeito explicamos o que está acontecendo para elas", disse a jovem, que acrescentou que "até agora só recebemos reações positivas".

O que ela deixou claro é que vai assumir sua cadeira em caso de ser eleita.

"Defenderei a inclusão na legislação eleitoral, em todos os níveis, da possibilidade de expressar um voto de protesto, um não, do mesmo jeito que o voto em branco", explicou.

"Os eleitores que votarem 'não' também poderão dizer se seu voto é para algum partido em particular que os tenha defraudado, de modo que a sigla saiba quantas pessoas não estão de acordo com sua política", assinalou Tania, acrescentando que estes votos na prática estariam representados por cadeiras vazias.

O NEE obteve o apoio de mais de 4.500 eleitores nas eleições municipais de outubro passado em Antuérpia, o que representa nada menos que 1,5% dos votos em sua primeira participação.

Desde a criação do NEE, justo antes do pleito municipal, a popularidade do partido, e em particular de sua cabeça de lista, não para de aumentar, embora o grande sucesso tenha sido alcançado por enquanto apenas no estrangeiro.

Segundo estatísticas do site www.alexa.com, o portal do NEE é na atualidade a mais visitado entre os portais políticos, acima das páginas web da Casa Branca e do partido trabalhista britânico.


http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2007/05/16/candidata_ao_s
enado_belga
_promete_praticar_sexo_oral_com_seus_eleitores_790455



Nossa fauna ainda tem muito o que aprender.




Leonardo Rodrigues

terça-feira, 15 de maio de 2007

Campeonato bilionário

A Record não tá de brincadeira. Eduardo Zebini, diretor de esportes da emissora paulista, se reúne hoje com o ex-presidente do Grêmio e atual presidente do Clube dos 13 Fábio "pigarro" Koff para fazer uma proposta oficial pelo campeonato brasileiro do ano que vem. A Record não divulgou os valores para evitar qualquer movimentação da Globo, como aconteceu na negociação do campeonato paulista, mas os sites especializados dizem que o montante pode chegar a 1 bilhão de reais (!). Pelos campeonatos de 2005 e 2006 a Globo pagou cerca de 800 milhões (400 milhões por ano), valor bem acima dos 225 milhões pagos em 2004. (A título de comparação: o canal inglês BskyB do magnata das comunicações Rupert Murdoch pagou à Premiere League, uma espécie de Clube dos 13 da Inglaterra, o equivalente a 4,2 bilhões de reais pela exclusividade de transmissão do campeonato inglês durante o triênio 2000 -2003. Cerca de 1,4 bilhões de reais por ano).
***
A inflação nos direitos de imagem do futebol começou nas renegociações dos torneios regionais. O preço do campeonato mineiro, por exemplo, subiu de 2 para 16 milhões. Cruzeiro e Atlético que ganhavam 800 mil por ano vão receber mais de 4 milhões. Enquanto isso as Federações ficam mais ricas e mais atrativas para a corrupção, com receitas milionárias e gastos irrisórios. O campeonato vai continuar rural, mas deixa de ser deficitário.
***
Não é de hoje que a Igreja Universal tenta investir no esporte. Em 2000, foi criado o Universal FC, clube com média de 40 mil torcedores por jogo que chegou a disputar a segunda divisão do campeonato carioca. Deus não ajudou, os resultados não apareceram e o 'clube' fechou as portas no ano seguinte. Dessa vez, a estratégia foi outra. Afinal, os bispos têm mais talento pra gerir empresas de comunicação do que times de futebol. Não deixa de ser irônco pensar que um produto cada vez mais caro e valorizado como o futebol é, em última análise, financiado pelos pobres dizimistas.
***
O ambicioso projeto da Record de atingir a liderança parecia piada quando as investidas começaram há uns dois anos.
Hoje em dia (pra fazer referência ao jornal do bispo Macedo), o grande escalão da Rede Globo está perdendo o sono. O próprio eterno segundo lugar Sílvio Santos já começou a mexer seus pauzinhos e contratou uma empresa de consultoria para detectar os problemas do SBT. Não é necessária uma empresa de consultoria pra isso. O principal problema do SBT é o próprio Sílvio Santos, que usa o canal, que é uma concessão pública, como um brinquedinho particular. O ex- jornalista de Veja Ricardo Valladares que foi contratado pra ser o diretor de programação da emissora ficou 4 meses no cargo e saiu de lá sem sequer ser reconhecido nos corredores.
***
Eu achava que as ações da Record não iriam ameaçar a toda poderosa Vênus Platinada pelo simples motivo da programação paulista ser um pastiche da programação carioca. Por que alguém deixaria de ver a Globo pra ver a mesma programação na Record? Pra se mudar o hábito das pessoas era preciso oferecer uma alternativa, eu imaginava. A Globo se especializou em novelas e o SBT em programas de auditório. Já a Record da gestão Universal não tem know how em nada. Ficou sem identidade. Poderia ter se especializado em um modelo novo de jornalismo, num formato brasileiro de sitcoms ou em festivais de música como antigamente. Em vez disso, preferiu levar os profissionais da Globo ( a mais recente aquisição é a correpondente do JN em Nova Iorque Heloísa Vilela) pra refazer nos mínimos detalhes a programação da emissora carioca. O que eu não imaginava era que a Record tivesse tanta bala na agulha pra botar em ação um novo plano que, de fato, ameaçasse a soberania da concorrente. Adquirindo o Campeonato Brasileiro, a Record teria um valioso produto pra bater de frente com o Jornal Nacional e com a novela da noite, a dupla mais rentável da Globo, já que os jogos do meio de semana passariam para às 20h30min. Nos finais de semana, Faustão teria que rebolar sua cintura de ovo pra continuar na liderança. E como existe um contrato velado que dá ao sexo masculino a prerrogativa de possuir o controle remoto não há intriga de Gilberto Braga ou dança de famosos capazes de impedir a migração dos telespectadores.
***
Não resta dúvida que fundar Igrejas é um dos 'negócios' mais lucrativos que existem. Imagine ao longo da história da humanidade quanto dinheiro alguns ganharam com a necessidade do ser humano de acreditar em algo. E ainda tem bispo senador com projeto de lei para incluir as igrejas como potenciais beneficiárias das leis federais de incentivo à cultura. Mamar na vaca vocês não querem não né?



Pedro Grossi

sábado, 12 de maio de 2007

Homenagem à arbitragem brasileira


Quem precisa de Simon?



Leonardo Rodrigues

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Quem sabe na próxima?


Avisando ao Simon que a pizza hoje é por nossa conta



Pedro Grossi

quinta-feira, 10 de maio de 2007

A visita


Pilhéria infame da semana:
- Por que o papa veio ao Brasil?
- Para abastecer o papamóvel com gasolina brasileira, a única que já vem batizada.

E Bento XVI recebeu das mãos de Gilberto Kassab a chave da cidade de São Paulo. Mas a pergunta que paira: onde fica a fechadura?

Comentários, por favor.



Leonardo Rodrigues

domingo, 6 de maio de 2007

Jejum quebrado

Hoje é dia de título para muita gente, mas um em especial. A Portuguesa, um dos times mais simpáticos (e roubados) que se tem notícia, é a mais nova campeã da Série A-2 do campeonato paulista. 4 a 0 sobre o Rio Preto, vitória incontestável, campanha impecável. Um alento após milagrosa recuperação na Série B do Brasileiro, que meses atrás salvou o time de mais um descenso.

Lá se iam 31 anos desde a última conquista, a Taça Governador do Estado. E 34, quando dividiram o estadual com o Santos, graças à atuação esdrúxula de Armando Marques. Nem o fenômeno Dener teve a chance erguer um troféu pelo clube. Parabéns à Lusa. Agora só falta o Celtics.


Leonardo Rodrigues

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Tome um banho azul e tape o umbigo por 3 dias

Zapeando pelos canais da TV aberta vi um furo de reportagem. No mesmo palco estavam Cartola e Cazuza, considerados dois dos maiores compositores da música brasileira. Interrompidos apenas pelas propagandas da câmera digital mais vendida do Brasil os dois falaram sobre mulheres, drogas, poesia e até deram palpites sobre a situação política do país. Não sabia que os dois eram amigos, mas os sensitivos 'mediuns' que participavam do programa da RedeTV! eram. Tinha chegado no meio da atração e não estava entendo a piada, por isso esperei que o homem e a mulher de mãos trêmulas e olhos virados pra cima começassem a imitar ou o Clodovil ou o Sílvio Santos. Mas aquilo estava sendo levado a sério e comecei a ficar com medo, não de receber o espírito do Cartola, o que ia ser interessante porque pela primeira vez eu teria algum talento musical, mas de pensar o que a TV faria dali pra frente.
Isso foi há cerca de um mês.

Hoje percebi que é uma tendência. Esperando a transmissão de Milan e Manchester vi na Band um programa que não sei o nome em que uma 'mediun' dá dicas às pessoas que ligam reclamando dos problemas pessoais. Depois de ouvir ela mandar uma telespectadora (sim, esse programas têm telespectadores) tomar um banho azul e tapar o buraco do umbigo por três dias, resolvi mudar de canal. Só deu tempo de ouvir mais uma dica: a de que a urina masculina corta qualquer macumba ou ritual de magia negra. Não vejo a hora de tropeçar em um prato de farofa na esquina.



Pedro Grossi

segunda-feira, 30 de abril de 2007

Aqui se paga

Há muito se esperava pelo dia de ontem. Não pelo placar em si, pelos rompantes de euforia momentânea, ou pelo título praticamente garantido que pouco acrescenta à galeria do clube. Mas pela maneira como tudo aconteceu, a postura, a sinergia. Como se a tão panfletada garra atleticana nunca tivesse sido combalida por anos de frustrações. Deu gosto. Por cima da arrogância e apatia cruzeirense, não poderia ter sido melhor.


Leonardo Rodrigues

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Todd quem?

Experimente jogar o nome na roda: “Todd quem?” Os mais catedráticos podem até arriscar que se trata daquele produtor viajandão do New York Dolls e do Grand Funk Railroad, do cara que tem uma música na trilha de Vanilla Sky, ou que o sujeito em questão é o “ex-pai” da musa Liv Tyler. Ao sul do Equador, pouquíssimos têm a noção exata da dimensão da obra de Todd Rundgren. Dissidente do garageiro The Nazz e multi-instrumentista, ele pertence àquela linhagem que é quase impossível classificar. Passeia por terrenos tão diluídos que qualquer rótulo diz muito pouco. Guardadas as proporções, uma espécie de Frank Zappa menos erudito e bem mais palatável.

Com a chegada da década de 70, suas inquietações o fizeram embrenhar pela carreira solo. Estreou com “Runt” para em seguida passar com louvor na prova de fogo do segundo trabalho, “Runt: The Ballad of Todd Rundgren”. No entanto, para crítica e fãs, o “crème de la crème” coincide com o maior êxito comercial: “Something/Anything?”, lançado em 1972. Que se faça justiça, é uma época tão pródiga na produção em escala industrial de pilares do rock/pop, que talvez explique, em parte, a posição incrustada entre tantos outros clássicos. Para tal, uma estratégia no mínimo ousada. Um LP duplo, deliberadamente pop, de quatro excertos independentes. O produto de uma mente que não só compõe, mas canta, produz e toca todos os instrumentos. A pragmática das enciclopédias musicais contextualizaria a empreitada como glam, hard rock, prog, art. Mas na real, não é nada disso. Ou quem sabe, tudo isso e mais um pouco.

Os dotes “singer-songwriter” de Todd irrompem logo na abertura, sem pudores de pieguices comercias. Belíssimos arranjos e melodias ao piano compõem a faceta na qual ele parece sentir-se mais a vontade. Brotam pepitas como o hit-single inspirado em Carole King “I Saw The Light”, o soft-rock de “It Takes Two To Tango (This Is For The Girls)”, e até uma tentativa de emular a Motown em “Wolfman Jack”.

Girado o acetato, surge a “intro”, deslocada. Uma voz comanda uma série de efeitos sonoros e desafia o ouvinte a identificar cada um deles a partir daí. Exercício lúdico nomeado de ‘Sounds of the Studio’. Brecha para a outra face do músico de cabelos coloridos, a do artista visionário que mesmo atento às possibilidades que os artefatos tecnológicos têm a lhe oferecer, não abre mão do humor espirituoso e, porque não, da própria individualidade. Destaque para “Song Of The Viking”, homenagem às operetas de Gilbert e Sullivan, estilo revisitado pelo Queen anos depois.

No disco dois, rocks às vias do hard dividem espaço com baladas classudas. Impossível não ceder aos encantos de “Dust In The Wind” (nada de Kansas aqui) e “Torch Song”, delicadeza que no final das contas faz toda a diferença. E ainda, o power pop de “Couldn't I Just Tell You”, como se o “Straight Up” do Badfinger, que ele acabara de produzir, conhecesse um filhote bastardo. Para finalizar, a cereja do bolo. O último lado do acetato reserva Todd ao comando de uma banda completa, que ao vivo em estúdio dá pinceladas finais em tom de celebração juvenil. A mesma aura dos velhos tempos. Não à toa a inclusão de “Hello It's Me” - emprestada do repertório do Nazz – e do medley cover “Money (That's What I Want)/Messin' With The Kid”.

Fim de papo e a sensação de que foi-se o tempo em que a dobradinha simplicidade/inteligência não era artigo de luxo no showbizz. Depois de “Something/Anything?” o mundo passou por muitas primaveras sem que Todd Rundgreen deixasse de se reinventar. Flertou com o rock progressivo, comprou briga com John Lennon, formou o Utopia, ganhou status de produtor requisitado, chegou a gravar um disco em que o único instrumento era a sua voz. Mas entre altos e baixos, a primazia do álbum das rosas ainda está para ser igualada.


Todd Rundgren - Something/Anything? (1972)

Side one:
"I Saw The Light" – 2:56
"It Wouldn't Have Made Any Difference" – 3:50
"Wolfman Jack" – 2:54
"Cold Morning Light" – 3:55
"It Takes Two to Tango (This Is for the Girls)" – 2:41
"Sweeter Memories" – 3:36

Side two:
"Intro" – 1:11
"Breathless" – 3:15
"The Night the Carousel Burned Down" – 4:29
"Saving Grace" – 4:12
"Marlene" – 3:54
"Song of the Viking" – 2:35
"I Went to the Mirror" – 4:05

Side three:
"Black Maria" – 5:20
"One More Day (No Word)" – 3:43
"Couldn't I Just Tell You?" – 3:34
"Torch Song" – 2:52
"Little Red Lights" – 4:53

Side four:
"Overture-My Roots: Money (That's What I Want)/Messin' With the Kid" (Bradford, Gordy, Rundgren, Strong) – 2:29
"Dust in the Wind" (Klingman, Rundgren) – 3:49
"Piss Aaron" – 3:26
"Hello It's Me" – 4:42
"Some Folks Is Even Whiter Than Me" – 3:56
"You Left Me Sore" – 3:13
"Slut" – 4:03