terça-feira, 29 de setembro de 2009

Carta de apresentação

Prezado Renôt, bom dia,

Face os recentes incidentes envolvendo essa nobre escuderia, gostaria de me candidatar à recém-aberta vaga de chefe de equipe. Além de senso de oportunidade (quantas pessoas tiveram a sacada de se candidatar à vaga?), de profissionalismo (sou torcedor da Ferrari e tenho certeza de que farei um inesquecível trabalho com vocês) e humildade, tenho outras maravilhosas características que me credenciam ao cargo. Peço licença para listar alguns poucos e ilustrativos episódios e minhas qualificações profissionais que referendam essas afirmações.

Sou graduado em um renomado curso técnico de informática prática, o que me dá um susbtrato interessante para entender – e ajudar a melhorar – as questões técnicas e aerodinâmicas dos carros com que vamos trabalhar. Afinal, se posso montar e desmontar um computador, porque seria diferente com esses carros? Tenho também no meu currículo a presença em dois importantes grandes prêmios realizados no belo circuito de Interlagos. Em um deles, fiquei bem perto dos boxes e percebi que aquele ambiente era onde eu me sentia melhor. Como meu psicólogo, e melhor amigo, me provou por A + B, devemos nos desenvolver onde nos sentimos bem e como autoconfiança é a chave do sucesso, já falo como se o cargo estivesse no papo. Tenho atuação destacada em duas feiras Inforuso, onde as maiores novidades da tecnologia, como o laser disc, o HDDVD e o vídeo beta foram apresentados pela primeira vez. Todos com a minha incontida empolgação de receptivo voluntário da feira e de testemunha ocular da história.

A vocação de estar sempre na vanguarda dos acontecimentos começou na infância quando, antes do assunto estampar as capas dos jornais, eu já promovia a inclusão social. Meu primeiro agenciado foi um vizinho negro e cego que, em seu carrinho de rolimã, voava como o vento. Pena que sua brilhante carreira tenha acabado precocemente nas rodas de um caminhão, depois que dei ordens pelo walkie talkie para que ele continuasse veloz em uma emocionante corrida que os meninos do bairro disputavam na via Dutra. Hoje ganho a vida prestando consultoria para jovens talentos, muitos dos quais se tornam adultos de enorme sucesso. Fico cheio de orgulho quando vejo que antigos agenciados povoam as mais importantes salas e gabinetes do Brasil. Um deles, apenas para citar um exemplo, é figura fácil no prédio do Senado, onde tem o importante cargo de operador de chapa na gráfica da instituição. É com parte do salário dele que cultivo os meus mais nobres sonhos. Um deles é criar na periferia paulistana uma escolinha de Fórmula 1 para crianças carentes. Por enquanto temos só as crianças carentes e estamos tentando junto à prefeitura a cessão de um terreno, que hoje, margeia um belo rio.

Sou fluente em inglês básico e domino vários outros indioma, como o paraguaio e o africano (ainda não conheço a África, mas os negros daqui não podem falar muito diferente dos de lá, não é mesmo?). Acho que esta oportunidade será importante para ambas as duas partes e poderemos desenvolver vários projetos juntos. A ética e humanidade com que o senhor, seu Renôt, sempre dirigiu sua escuderia me fascinam e me fazem querer, um dia, ser tão brilhante e importante para a humanidade. Tenho plena certeza de que essa é a minha missão na terra. Certo de que nos veremos em breve, deixo aqui o meu até logo.

Deusde já, agradeço.

Atenciosamente,

Flávio


Pedro Grossi

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Amor e ódio


De um lado um assunto que é sinônimo de passionalidade e de outro uma instituição que se alimenta de fatos; relatados, amplificados e, preferimos acreditar, em uma dimensão menor, inventados. Mais do que gols, passes e conquistas a imprensa esportiva, sobretudo a que trata o dia-a-dia do futebol, precisa também de polêmicas. É assim que o circo funciona e é isso que sustenta esse mercado de entretenimento. Exatamente por ser um mercado tão grande e lucrativo ele é rico em aparências, discursos prontos e lugares-comuns. Assim como na bolsa de valores, uma simples declaração mal dada pode significar prejuízos milionários ou ganhos inesperados. Por isso, é tudo tão medido e calculado.


Ações robotizadas e insossas não são exclusividade do mundo do futebol. Muito pelo contrário. São quase uma regra social. Quase. Nos últimos dias, Kléber provou que suas falas não são escritas por assessores de imprensa. Ele, de fato, fala o que pensa. O que não significa, e que fique claro desde já, que ele tenha razão em tudo o que diga. Significa, sim, que ele tem de arcar com as consequências do que fala. Ser autêntico não lhe dá imunidade. A sequência de episódios recentes envolvendo o jogador e o Cruzeiro mostra que ele é um cara, de fato, autêntico, mas também imaturo.

Como torcedor do Cruzeiro, não vejo o menor problema dele visitar, tirar fotos, beber e jogar pelada com torcedores adversários. Ainda que às vésperas de um jogo exatamente contra o time visitado. A imprensa, em busca de polêmica, amplificou o fato. A mesma imprensa que seguidamente bate na tecla da tolerância e cordialidade entre torcedores adversários. Não vejo problema, porque o Kléber que deve satisfações a nós, torcedores do Cruzeiro, é o jogador que entra em campo. O outro Kléber, o chamado ‘ser-humano’ - como se o que entra em campo fosse de outra espécie - tem o direito de fazer o que quiser. E foi o Kléber jogador, autêntico e verdadeiro, que, com o perdão do trocadilho, pisou na bola. Não porque tenha acenado para os torcedores adversários, mas porque declarou não aceitar as vaias dos torcedores do seu próprio time. Considerou desrespeito. As vaias não são desrespeito. Pessoalmente, as considero deselegantes, mas não desrespeitosas. São a maneira legítima que o torcedor/espectador/consumidor/cliente tem para se manifestar. Logicamente não é agradável para quem escuta, como não é agradável para o torcedor ver o time perder um jogo. Faz parte do pacote. Está dentro do ônus e do bônus de quem resolveu se envolver nesse meio.

É quando diz que não aceita as vaias que o Kléber mostra imaturidade. Elas não são para a sua esposa, sua família ou seus amigos. Não são para o ‘ser-humano’ Kléber, são para a interface a que o torcedor tem acesso. O profissional, o artista de circo, o ator, que existe unicamente em razão do seu público. E elas só acabam quando ele for capaz de apresentar um bom espetáculo. Grandes jogadores já foram vaiados, e deram a volta por cima.

É ótimo que ele fale o que pensa, mas é bom pensar antes de falar. Ser um grande jogador não é estar acima do bem e do mal. Como é mesmo a frase? Nem Ele agradou a todos...


Pedro Grossi

sábado, 12 de setembro de 2009

Enredondamento




Certas fotos valem sempre a pena.

sábado, 5 de setembro de 2009

O nosso Brad Mehldau

O que esse cara toca é um absurdo













Pedro Grossi