terça-feira, 9 de novembro de 2010

The Good, the Bad, the Ugly and the Other Guy

Um gole de Mumm Cordon Rouge para quem acertar meu favorito

Quatro rostos, uma corrida e um título, o mais disputado em 60 anos de Fórmula 1. Pilotos e equipes desembarcam para o desfecho da temporada em Abu Dabi, já no próximo domingo, sob um cenário de possibilidades e contas. Com a pontuação inflacionada em 2010, nunca a calculadora foi um utensílio tão decisivo para acompanhar automobilismo.

Resumo da ópera: Fernando Alonso, líder, feliz, olho gordo, precisa chegar em segundo para erguer seu terceiro caneco mundial.

Para Mark Webber, o patinho feio, segundo na tabela, é vencer ou vencer, ou quem sabe ainda, na pior das hipóteses, vencer. Isso, claro, sem se esquecer da torcida pelo mau agouro do espanhol.

Pedra na sapatilha do australiano, Vettel, companheiro de equipe e reizinho da Red Bull, finge que nem é com ele. Justifica-se. A vitória em Interlagos renovou e muito suas chances. Sonha terminar em primeiro com Fernando em quinto. Assim, não correria o risco de ter que ajudar alguém além de si próprio.

Já para Hamilton a parada é das brabas. Precisa ganhar e torcer contra os três. Recolhido no boxes da Mclaren, já deve estar rezando para todos os santos da Bahia, da Inglaterra e até para os de Kimi Raikonnen, os quais sentiu na pele e choro ao jogar no lixo o título de 2007.

Independentemente de papos de ética, moral e civismo, o fato é que a escuderia dos energéticos (no Brasil mencionada nominalmente pela TV, não por siglas, sei lá a razão) pode ter pagado caro pela decisão de não inverter as posições na pista paulistana.

Alonso, que só, vê tudo de camarote. Nos Emirados Árabes, deve criar asas e fazer o possível e o impossível para se infiltrar entre os carros da melhor equipe do ano, ainda mais velozes neste final de temporada.

A história de Mark Webber na F1 é bacana, de persistência, de postura. E se tudo der certo, pode fazer o que poucos conseguiram. Atropelar a preferência do time e sagrar-se campeão.

Realizando o mesmo, na história recente, lembro apenas de Piquet, na Williams, em 87; e de certa forma Prost, em 89, quando torcia feio o nariz ante à fraternidade entre Senna e os japoneses da Honda.

“Marketing Webber”, alcunha recorrente nas transmissões de não muitos anos atrás, agora conta com torcida declarada de locutor e comentarista. Tudo por conta do bobo, chato, feio e cara-de-mamão Alonso, que ousou ser rápido demais, e acabou virando bode expiatório para o desempenho pífio de Felipe Massa no ano.

Certas árias não mudam jamais.


Leonardo Rodrigues