terça-feira, 2 de junho de 2009

Kaufman é brilhante! Eu acho.

Charlie Kaufman é de rachar o cérebro. Você tenta processar as informações até o seu nariz sangrar e as coisas começarem a fazer a sentido. Em vão. As viagens são tão loucas que agora ele mesmo tem de filmar os próprios roteiros. A diferença é que suas loucuras não têm nada do experimentalismo estético de estudante de cinema nem o frenesi imagético de um videoclipe. São loucuras com identidade própria, por assim dizer. São viagens pesadíssimas, mas a sensação é de estar em terreno solidamente pavimentado.

A carpintaria e pretensão dos roteiros de Charlie Kaufman são, imagino, como um livro de James Joyce: ninguém é capaz de decifrar a obra completa, mas as migalhas que conseguimos absorver são o bastante para saciar a fome.

Mais uma vez somos levados pra dentro da mente do protagonista (Quero ser John Malkovich e Brilho Eterno de uma Mente sem Lembrança) para, vendo o mundo pela sua perspectiva, testemunharmos um mergulho nas universais aflições humanas. É o máximo que consigo descrever de Sinédoque New York. Para ajudar como ponto de partida: segundo o Aurélio, Sinedoque é “a substituição de um termo por outro, em que os sentidos destes termos têm uma relação de extensão desigual (ampliação ou redução)”. A isso soma-se um simulacro ad infinitum de (con)fusão entre realidade e representação, com saltos cronológicos e tiradas filosóficas. Aproveite as migalhas que encontrar no meio do caminho.



Pedro Grossi

Um comentário:

Filipe disse...

Ele é um dos caras mais loucos do cinema, de fato. Ainda não vi Sinédoque e quero muito assistir. Belo texto hein Pedro?