quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Depois da tempestade...


Estou agora ouvindo pela enésima vez o “Death Magnetic”. Todas aquelas sensações voltaram: O sonho de ter uma banda; a vontade quase incontrolável de disparar socos e pontapés em tudo que está próximo; deixar o cabelo crescer e andar com roupas rasgadas, porque nada é mais importante que a música. Na atual aridez do mercado fonográfico, salpicada por pequenos Oásis (com o perdão do trocadilho) de criatividade como Radiohead e Arcade Fire, o disco do Metallica é um alento. O inferno astral parece ter ficado pra traz. O fundo do poço (Some Kind of Monster, que só tem algum valor documental, e o inaudível St. Anger) ensinou que quanto mais uma banda se envolve nos melindres do show business, dando vez a picuinhas e estrelismos, mais ela se afasta da essência da música.

Rick Rubin, responsável direto pelo auge criativo de bandas como Red Hot Chilli Peppers, Slayer e Aerosmith, parece ter devolvido ao Metallica a alegria de viver. A banda não precisava de terapia, precisava apenas sacar que no grande teatro da vida o papel deles é fazer a trilha sonora das cenas de destruição, êxtase e fúria, deixando o drama para os que superestimam o próprio talento.

Buscando inspiração no estilo que ele mesmo ajudou a criar, o Metallica voltou mais rápido e envolvente do que nunca. Ao contrário de bandas que insistem em viver do passado, o Metallica não se auto-parodiou, mas se auto-afirmou. Perceberam que evoluir não é se render ao new metal ou ao estilinho da moda. Evoluir é expandir as fronteiras do próprio universo, como fazem o já citado Radiohead e até mesmo o Iron Maiden. Abraçando com intensidade a causa de resgatar o grupo das trevas, James Hetfield & Cia disparam clássicos instantâneos, como “The end of the line” e “My Apocalype”. Músicas longas e um instrumental matador, com solos (que saudade!) e quebras de ritmo, que nos fazem voltar no tempo. Rock runs out and nothing else mathers.

Pedro Grossi

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo disco. Show imperdível.