sábado, 23 de junho de 2007

David Fincher conseguiu de novo


"Like killing people because it is so much fun it is more fun than killing wild game in the forest because man is the most dangerous anamal (sic) of all to kill something gives me the most thrilling experience it is even better than getting your rocks off with a girl the best part of it is that when i die i will be reborn in paradice (sic) and all the i have killed will become my slaves i will not give you my name because you will try to sloi (sic) down or stop my collecting of slaves for my afterlife ebeorietemthhpiti (sic)"



As únicas pistas que a polícia de São Francisco tinha para tentar descobrir a identidade do Zodíaco eram as cartas criptografadas e as confissões e ameaças que ele exigia serem publicadas no Jornal San Francisco Chronicle. Nas cenas dos crimes, nenhuma evidência capaz de incriminar concretamente um suspeito. Todos os elementos de um bom filme de serial killer estão lá: os símbolos e códigos misteriosos, as ligações ameaçadoras no meio da madrugada, a sensação que o assassino está mais perto do que se imagina e que, além ou apesar disso, está sempre um passo a frente de qualquer investigação. O novo filme de David Fincher seria uma reunião bastante competente dos clichês do gênero - que aliás ele ajudou a consolidar em Seven - se não fosse um detalhe fundamental: a história que ele conta é real.

Baseada nos livros de Robert Graysmith (Zodiac e Zodiac Unmasked), a história não foca a mente perturbada/brilhante do assassino, nem suas motivações. Acompanhamos o desenrolar dos fatos do ponto de vista da investigação e é aí que mora o grande mérito do roteirista James Vanderbilt. Na primeira parte da projeção vemos a reação dos editores do San Francisco Chronicle com as cartas e ameaças de Zodiac e a investigação extraoficial iniciada pelo repórter policial Paul Avery, vivido com assustor realismo por Robert Downey Jr., e do cartunista excessivamnte tímido Robert Graysmith (Jake Gyllenhall). Quando a dupla começa a juntar algumas peças, a 'linha de raciocínio' é interrompida. De modo repentino, mas não abrupto, passamos a acompanhar a equipe do policial David Toschi (Mark Rufallo) na cena de mais um suposto crime de Zodiac. Tudo no filme é suposição e especulação. As certezas quase não existem. Sem as facilidades tecnológicas do século XXI, as investigações travam em desinformações, brigas de vaidade e falhas de comunicação. Em determinado momento é nítida a impressão de que cada equipe caminha para um lado difrente. Somos habilmente levados por David Fincher em todas essas direções e, junto com os personagens, cometemos o erro de nos agarrar às menores pistas e evidências deixadas por Zodíaco, tentando encaixar os fatos dentro de pré-conceitos. Uma falha compreensível e até certo ponto inevitável. Nunca esse real desafio policial foi tão bem representado no cinema. Toda a complexidade da história, repleta de 'núcleos' e anticlímax, se mostra absurdamente clara sem ser em nenhum momento didática. A inteligência do espectador é extemamente respeitada e o roteiro passa longe da pedância de filmes cabeçudos. David Fincher conseguiu unir (de novo) arte e entretenimento.

O desenvolvimento gradual dos personagens também é algo notável. A timidez de Graysmith vai se transfomrando em obsessão e a auto-confiança de Paul Avery termina à beira da loucura. Resolver o caso Zodiac vira algo pessoal, um desafio ao ego, em uma arrastada investigação que chega a durar décadas. Um personagem levanta a questão: Morrem mais pessoas em acidentes de trânsito em San Franciso em um dia do que o Zodiac já matou em duas décadas. Se ele caísse no ostracismo talvez não durasse mais do que poucos meses. Por que então foi dada a publiciade que ele tanto queria e que acabou por alimentá-lo? Porque é tudo uma disputa por reconhecimento. Alguns cometem excêntricos homicídios, outros dedicam a vida para solucioná-los. Mas o que todos querem é ter o nome nas manchetes de jornal.

No final do filme, a tradicional reviravolta do roteiro, comum em filmes de seral killers, é substituída por um sinal de reticências... A história continua. A sensação de frustração é invetiável. Não porque a obra seja decepcionante, mas porque ela foi tão envolvente a ponto de provocar um sentimento real. E isso já é mais do que a gente geralmente espera de um filme.






Pedro Grossi

5 comentários:

Anônimo disse...

Muito Bom Pete Grossi.

Gostei mto da análise do personagem do Robert Downey Jr. Perfeita.

Tbem gostei pra caramba do Zodíaco, bom filme, e o David Fincher sabe muito bem como juntar arte e entretenimento mesmo. Nem prcisa de citar o Clube de Luta.

Acho que nisso ele se parece muito com o Peter Jackson. Ou o PJ se parece com ele? O Pete veio depois não é?

Anônimo disse...

Só acertando,

O Pete ficou famoso depois.
Mas começou mais ou menos na mesma época, começo dos anos 90.

PJ
1º filme pra valer:
1994 - Almas Gêmeas (com a Kate Winslet!)

DF
1º filme pra valer:
1992 - Alien 3

Higiene Mental disse...

Já na época em que era diretor de filmes publictários o David Fincher fazia isso bem. O Peter Jackson também é um bom exemplo. Mas ainda acho que o mestre é o Spielberg

Anônimo disse...

Preciso assistir a esse filme.

Pedro Grossi disse...

O quanto antes