sábado, 20 de outubro de 2007

Cheiro de naftalina

Antes dos sete anos eu já tinha o costume de acompanhar corridas. Mas foi com uma no Brasil que o hábito virou religião: Interlagos ´91. Até àquela altura meu favorito era o Prost e dificilmente trocava o Lego ou o Meu Primeiro Gradiente por automóveis rodando em círculos.

Depois daquilo virei seguidor fiel de Senna e de todos os outros brasileiros. Demorei a tomar juízo.

Apesar da fanfarronice galvônica e da polêmica sobre quantas marchas Ayrton havia realmente perdido, foi uma prova fantástica (memória afetiva rules!). Ele vencia em casa pela primeira vez, a duras penas. Completou exausto, com uma verdadeira pane no sistema nervoso, mal se aguentava em cima do pódio.

Lembro-me de assistir no quarto dos meus pais, onde ficava a única TV da casa - uma Panacolor National modelo 79, a cores, moderna para época. Fiquei o tempo todo sentado sobre a cama áspera, semi-rasgada, de cheiro azedo e sem a colcha que provavelmente estava pendurada no varal. Nem me importei com o resto.



Leonardo Rodrigues

Um comentário:

Pedro Grossi disse...

Assisti a essa corrida numa moderna telefunken colorida.
Os anos passam...